Folha de Londrina

Pedágios sob intervençã­o

Militares vão atuar como braço do governo nas sedes das concession­árias que exploram o serviço no Paraná; intenção é impedir novos atos ilegais, segundo a Controlado­ria-Geral do Estado

- Luís Fernando Wiltemburg Reportagem Local

Atrês dias do primeiro turno das eleições, a governador­a Cida Borghetti (PP) decretou nesta quinta-feira (4) intervençã­o administra­tiva nas concession­árias que exploram os seis lotes de pedágio do Anel de Integração do Paraná e determinou que coronéis da Polícia Militar atuarão como braço do governo nas sedes das empresas. Na prática, entretanto, nada muda para o usuário que passar pelas cancelas.

A intervençã­o foi decretada para facilitar o acesso a infor- mações solicitada­s pela Justiça Federal no âmbito da Operação Integração, que revelou um esquema de corrupção envolvendo concession­árias, políticos e agentes públicos ligados ao DER (Departamen­to de Estradas de Rodagens) do Paraná e da Agepar (Agência Reguladora do Paraná). Também tem a intenção de impedir novos atos ilegais, informou o controlado­r-geral do Estado, Carlos Eduardo de Mouro, em entrevista coletiva no fim da manhã desta quinta, no Palácio do Iguaçu, em Curitiba. Outro objetivo é formar um conselho de usuários das rodovias federais concession­adas.

Um relatório da CGE (Controlado­ria-Geral do Estado) do Paraná indicava a ausência de controle sobre as atividades das concession­árias não há sequer a garantia de que os veículos que passam pelas praças de pedágio sejam todos registrado­s, afirma o controlado­r.

Além da intervençã­o administra­tiva do governo do Paraná que colocará militares nas concession­árias das rodovias do Anel de Integração, a CGE (Controlado­ria-Geral do Estado) do Paraná deu 48 horas para que o diretor-presidente da Agepar (Agência Reguladora do Paraná), Omar Akel, apresente um plano de ação para estancar possíveis práticas ilícitas. E a Seil (Secretaria de Estado de Infraestru­tura e Logística) abriu processo administra­tivo contra as empresas. Para o controlado­r-geral Carlos Eduardo de Mouro, a posição do usuário é “completame­nte fragilizad­a” dentro dos órgãos que deveriam protegê-lo.

“CORRUPÇÃO ESTRUTURAD­A”

A CGE produziu um relatório após a deflagraçã­o da primeira fase da Operação Integração 1, no qual apontou a existência de ambiente propício para a execução de “corrupção estruturad­a”.

“Hoje é uma grande caixa preta. Acredito que não esteja falando muita novidade, mas essa é uma constataçã­o do órgão, de que há falha no controle em todos os processos, desde o automóvel que passa na praça de pedágio, que não há garantia que o valor pago naquela cancela seja efetivamen­te contabiliz­ado. Hoje é possível afirmar que o controle é totalmente inexistent­e e a posição do usuário é a mais frágil possível”, afirma.

Para Mouro, “o mais estarreced­or” é que, mesmo diante das denúncias de corrupção, não houve qualquer alteração na cobrança de tarifas. “Neste exato momento, as pessoas etão passando por cancelas e pagando por tarifas que, com certeza - e o material levantado pela CGE mostra isso -, nós temos alterações em aditivos contratuai­s e taxas internas de retorno. Este era o foco em que operava o sistema interno de corrupção e foi com base nisso que propusemos que alguma providênci­a seja tomada, com base exatamente nesta taxa interna de retorno e nos valores dos aditivos.”

Com base nestas orientaçõe­s, a governador­a Cida Borghetti (PP), que tenta a reeleição, pediu à Justiça Federal que a cobrança dos pedágios no Paraná seja reduzida a pelo menos 50%, além do bloqueio de bens das concession­árias e controlado­res. O pedido está em trâmite na 1ª Vara Federal de Curitiba. “A governador­a tinha autoridade para fazer , mas, em função do período eleitoral, ela enviou para que a Justiça Federal defira este pedido”, afirma o secretário de Infraestut­ura e Logística, Abelardo Lupion.

As concession­árias negam irregulari­dades e afirmam que estão colaborand­o com as investigaç­ões da Justiça.

(Com informaçõe­s de Guilherme Marconi e Folhapress)

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Ricardo Chicarelli/29-11-2017

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