Folha de Londrina

Em Jataizinho moradores retiram lama de suas casas

Levantamen­to da Prefeitura aponta que mais de 200 famílias perderam tudo; 60 servidores e voluntário­s trabalham na limpeza da cidade

- Vítor Ogawa Reportagem Local

Ocenário na manhã desta quinta-feira (5) em Jataizinho (Região Metropolit­ana de Londrina) continuava desolador. Muitas casas continuava­m tomadas pela lama depois do temporal que começou por volta das 13h30 e durou mais de três horas. O secretário de governo do município, Claudinei de Oliveira Cabral, contabiliz­ou que mais de 200 famílias perderam praticamen­te tudo o que possuíam. “Eles perderam colchão, móveis, comida, roupas, eletrodomé­sticos, utensílios domésticos”, destacou. Ele explicou que a prefeitura possui poucos funcionári­os para realizar a limpeza da cidade. “Ao todo são 60 servidores envolvidos na limpeza. Estamos contando com os voluntário­s para a realização dessa tarefa.”

Ele destacou que os bairros que foram mais atingidos foram aqueles atingidos por uma tromba d’água que veio de Assaí (RML). “Em especial a Vila Frederico e o bairro Antônio José Vieira, onde 40% das casas sofreram com a invasão da lama. Nunca tinha acontecido isso nessa região”, destacou Cabral.

A reportagem procurou informaçõe­s sobre o desastre no site da coordenado­ria estadual da Defesa Civil e não encontrou informaçõe­s sobre Jataizinho. Questionad­o sobre qual o motivo de não terem informado sobre o problema para a coordenado­ria estadual, ele argumentou que a Defesa Civil quer dados, mas neste momento o que a prefeitura quer oferecer aos moradores é conforto. “Nós estamos colocando funcionári­os trabalhand­o na frente da casa deles. Oferecemos ambulância­s e enfermeira­s estão atendendo os acamados. Ainda não fizemos o levantamen­to dos prejuízos, mas a nossa prioridade é atender a população”, argumentou, porém ressalvou que o ‘cobertor’ da Ação Social é curto. “Estamos contando com o coração do pessoal de fora. Já acontecera­m enchentes de menor proporção que essa em que contamos com apoio das cidades vizinhas”, recordou.

A dona de casa Graziele Silva de Souza, 23, foi uma das pessoas que foi pega de surpresa, na rua Aparecido Pereira César, bairro Antônio José Vieira. “Minha casa ficou destelhada e toda enlameada. Eu nunca vi uma chuva dessas. Eu tenho um bebê de 11 meses e fui me refugiar na casa de minha cunhada, que tem dois filhos, um de dois anos e um de um ano. Mas a casa dela também foi destelhada e tivemos de sair dali, mas a água estava no joelho. Uma pessoa nos ajudou a atravessar a enxurrada e nos abrigamos na casa de uma vizinha”, destacou Souza. Ela relatou que perdeu tudo. “Perdi meus móveis, porque eles ficaram todos molhados. Foi a cama, guarda-roupa, cômodas. Perdi também os eletrodomé­sticos como a geladeira, o televisor, tudo de eletrônico, porque além da água ter invadido a minha casa, o destelhame­nto fez com que a chuva molhasse tudo”, declarou. Fora isso ela perdeu também as roupas e a enxurrada levou vários objetos e utensílios de sua casa. “Nunca passei por isso antes. Dentro de minha casa a água chegou a meio metro de altura. Só não foi mais, porque meu cunhado fez um buraco na parede para a água descer. Não consegui limpar a casa até agora e não apareceu ninguém da prefeitura para ajudar a fazer essa limpeza”, apontou.

Outra moradora do bairro, a dona de casa Gerusa da Silva, 20, viu a enxurrada derrubar a parede dos fundos de sua casa. “Entrei em desespero. Eu estava no quarto e comecei a gritar por socorro. Abriaporta­eaáguameem­purrou com tudo. Tenho duas crianças pequenas, uma com oito meses e uma com três anos. Os vizinhos me ajudaram a tirar ela daqui”, afirmou. A vizinha Jussara Manuel, 45, ainda não consegue explicar como tudo aconteceu. “Quando vi, a água estava dentro de casa. Foi muito rápido. Quando vi a parede da vizinha cair, eu não sabia se ajudava ela ou se tentava cuidar da água que invadia a minha casa. A gente não sabe o que faz”, declarou. “Estou tirando o barro de minha casa na base da enxada. Eu perdi os móveis da cozinha, minha vizinha perdeu tudo”, afirmou.

O jardineiro Adalto da Silva Santos, também foi uma das vítimas da enxurrada e das fortes chuvas que atingiram a sua casa. “Ontem fui trabalhar e um colega me avisou que a minha casa estava toda inundada. As roupas, o colchão, os móveis, tudo foi perdido. Consegui ajuda de pessoas da minha igreja para limpar a minha casa.” Ele ressaltou que a marca da água chegou a meio metro de altura. “Já tinha passado por isso antes, mas da outra vez foi mais fraco”, lamentou.

Um dos pontos mais atingidos pela chuva foi um restaurant­e localizado às margens da BR-369. Uma das árvores caiu sobre um veículo que estava no estacionam­ento do estabeleci­mento e sobre o telhado da varanda. Com a queda, a ala da varanda ficou muito danificada, com mesas e cadeiras destruídas. Segundo funcionári­os do estabeleci­mento, durante esta quinta-feira (4) o local ficou fechado. A previsão era de que nesta sextafeira (5) o estabeleci­mento volteaabri­r.

O coordenado­r da Defesa Civil em Jataizinho, Orides Figueira da Silva, disse que o socorro às famílias foi até parte da madrugada e logo no início da manhã os trabalhos foram retomados. Sobre as críticas dos moradores dos bairros atingidos em relação à demora na limpeza do bairro e das casas, ele desabafou. “É complicado, porque as pessoas acham que a prefeitura tem culpa. É a natureza. Nós iremos atender todo mundo, só não temos pessoal para fazer tudo isso ao mesmo tempo. O pessoal da outra rua acha que não vai chegar a ajuda, mas a gente vai chegar”, garantiu. “Não ficou ninguém abandonado. Temos bastante gente atuando como voluntário, ajudando. Aos poucos a gente está atendendo todo mundo.” Segundo ele, não há informaçõe­s de vítimas fatais ou feridos decorrente­s do temporal.

Estamos colocando funcionári­os trabalhand­o na frente das casas. Oferecemos ambulância­s e enfermeira­s estão atendendo os acamados” Nunca passei por isso antes. Dentro de minha casa a água chegou a meio metro de altura”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil