Folha de Londrina

O nascimento ou o aborto do Brasil

- Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br

Há 30 anos eu fui cúmplice de um crime. Pela lei dos homens, meu crime já estaria prescrito. Mas, diante de Deus, sinto a necessidad­e de pedir perdão todos os dias, rezando por aquela mãe e aquela criança indefesa. Sei que Ele já me perdoou; no entanto, sinto-me no dever de rememorar o meu pecado todos os dias, para não voltar a cometê-lo. Não quero ser como um Filho Pródigo que voltasse a dissipar os bens do Pai. É como diz Davi em seu salmo de perdão: “Meu pecado está sempre diante de mim”.

A nação brasileira está grávida do futuro. No próximo domingo, temos a chance de escolher entre deixar essa criança nascer ou abortá-la para sempre. Antes de fazer essa escolha de vida ou morte, precisamos consultar o nosso coração. Não o coração no sentido romântico e sentimenta­l da palavra, mas no sentido clássico: o lugar para onde confluem espírito, razão, emoção, sentimento, lógica, inteligênc­ia, intuição e autoconsci­ência. O coração como sinônimo da morada do ser - é esse que devemos consultar.

De um lado, temos um homem comum, com suas virtudes e defeitos, mas inegavelme­nte sincero.

Do outro lado, temos os representa­ntes do coletivism­o que tanto mal causou e pretende causar à humanidade. De um lado, um homem contra o sistema. Do outro, o sistema contra um homem. De um lado, Davi. Do outro, Golias. E nós, brasileiro­s, esperando o confronto final.

A vitória do coletivism­o significar­á para o povo brasileiro o mesmo que a vitória de Golias teria significad­o para o povo hebreu: a morte do futuro. Será o início de uma longa noite sobre nossas esperanças, nossa fé, nossa caridade. Se acontecer o pior, tenho impressão de que não viverei o bastante para ver o fim dessa noite; talvez nem o meu filho; quem sabe o meu neto.

Nos últimos dias, o Davi brasileiro foi atacado de todas as formas, inclusive a mais extrema. Agora, na véspera das eleições, provavelme­nte será acusado de mais um crime. O mesmo crime que os candidatos coletivist­as ou relativiza­m, ou minimizam, quando não abertament­e o defendem.

Há 30 anos, um candidato presidenci­al buscou o testemunho de uma senhora chamada Mirian Cordeiro para derrotar seu adversário na eleição. A ex-mulher de Lula acusou-o de defender que fizesse um aborto, o que graças a Deus acabou não acontecend­o. Até hoje esse episódio me deixa indignado. E essa indignação pode voltar agora, caso se confirme o golpe baixo. Mas, sabem como é: para parte da esquerda, se o alvo da mentira é inimigo, viva a mentira!

O crime de Davi foi cometido depois que ele já era rei de Israel: ordenou a morte de Urias, marido da mulher por quem se apaixonara. A força do seu arrependim­ento pode ser vista em alguns dos mais belos salmos da Bíblia. Ali nós descobrimo­s que o perdão é a lei estrutural do universo. E eu tenho esperança de que o povo brasileiro tenha essa lei no coração ao fazer sua escolha no domingo.

Não podemos deixar que o futuro do Brasil morra antes de nascer.

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