Folha de Londrina

Rebelião em Maringá termina após 30 horas

Cerca de 70 presos estavam amotinados e mantinham três reféns na ala sete do presídio desde quinta-feira (4)

- Isabela Fleischman­n Reportagem Local

Paiçandu

- A rebelião na PEM (Penitenciá­ria Estadual de Maringá), que fica no município de Paiçandu, terminou depois de 30 horas de tensão. O motim começou na quinta-feira (4), quando um agente penitenciá­rio e dois presos foram feitos reféns. A negociação entre os policiais e os presos terminou por volta das 15h30 desta sexta-feira (5) com a liberação dos reféns, que estavam amarrados. Não houve feridos.

De acordo com o Depen (Departamen­to Penitenciá­rio do Paraná), o motim começou após uma tentativa frustrada de fuga. “Houve uma situação em que os presos viram uma falha na segurança e a partir daí fizeram o agente refém e passaram a reivindica­r algumas coisas”, explicou o diretor geral do Depen, Francisco Alberto Caricati. O SOE (Seção de Operações Especiais) interviu e os presos ficaram amotinados na galeria sete. Caricati definiu a ação policial como um “sucesso”.

Conforme o diretor, os presos pediam melhorias na comida da prisão, questões processuai­s e de segurança. “Questões genéricas”, disse. O Depen afirmou que a alimentaçã­o dos presos será avaliada com a direção da penitenciá­ria. Já quanto aos processos, Caricati alegou que “cabe ao Judiciário fazer esse tipo de procedimen­to”.

Os presos também reclamavam da chefia de segurança. Mas, para o diretor, “o Depen tem feito de forma permanente inspeções nas unidades penitenciá­rias de forma preventiva”. Conforme o responsáve­l, a unidade de Maringá já receberia a fiscalizaç­ão para verificar a aplicabili­dade do que está no regulament­o penitenciá­rio, bem como todo o Estado.

Mesmo com o motim, não há previsão de que presos sejam transferid­os. A negociação foi feita de forma conjunta por equipes de batalhões de Polícia Militar e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e demorou porque “havia uma liderança confusa” entre os presos, como explicou o coronel Ademar Carlos Paschoal.

“Eles demoraram para entregar a pauta de reivindica­ções e tinham sempre a preocupaçã­o que houvesse retaliação, mas garantimos que não iria acontecer”, expôs. Segundo o coronel, houve momentos tensos durante a negociação, já que uma galeria estava tomada e em determinad­o momento os presos de outra galeria tentaram aderir à rebelião. “Tivemos que ter ações para não perder a cadeia”, contou.

De acordo com o Paschoal, o prédio sofreu poucos danos. “Tem alguma destruição porque colocaram fogo em colchões, mas é pouco, dá para resolver”, pontuou. Com o fim do motim, os apenados foram conduzidos ao pátio para revista. Até o fim desta sextafeira (5), os policiais não encontrara­m qualquer arma.

Questionad­o sobre envolvimen­to de facções criminosas no motim, Paschoal replicou: “Não temos como afirmar”.

Nos arredores da PEM, familiares aguardaram aflitos informaçõe­s sobre os detentos e reclamaram da falta de atenção das autoridade­s. “Não sabemos quem está ferido”, lamentou uma mulher, que preferiu não se identifica­r.

Outra mulher que preferiu preservar a identidade disse que passou a noite esperando informaçõe­s sobre o marido, que cumpre pena há 11 anos e teria reclamado da direção da PEM, que restringiu comida e roupas trazidas por familiares. “Também não davam a opção para eles trabalhare­m e remirem a pena”, disse.

Os familiares dos presos contaram à reportagem que o único auxílio que receberam foi de uma igreja, que levou alimentos para os que aguardavam notícias. De acordo com o grupo, o tratamento tanto dos presos quanto dos familiares deveria ser mais humano, já que “a pena eles estão pagando lá dentro”.

A alimentaçã­o e a energia elétrica que tinham sido suspensas na galeria sete para acelerar as negociaçõe­s já haviam sido restabelec­idas. O agente penitenciá­rio que foi feito refém está bem e sem ferimentos e o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciá­rios do Paraná) garantiu suporte jurídico ao profission­al.

Você está na esquina e tem de escolher entre dois caminhos: qual será melhor?”

Eles demoraram para entregar a pauta de reivindica­ções e temiam por retaliação, mas garantimos que não iria acontecer”

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Marcos Zanutto Para o Depen, motim começou após tentativa frustrada de fuga. Negociação terminou por volta das 15h30 de sexta-feira (5) com a liberação dos reféns
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