Folha de Londrina

Pior para o Brasil

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O grau de radicaliza­ção a que chegamos na eleição presidenci­al coloca o caos como inevitável perspectiv­a mais próxima. É o que aparenta o horizonte, posto quer nele se insira, de forma surpreende­nte, o informe, uma chispa de arco-íris, do Datafolha de que 69% dos brasileiro­s preferem a democracia a regimes que a neguem. Não é a primeira vez que enfrentamo­s um cenário tão perturbado­r. Em 1960, sob o impacto da Guerra Fria, tivemos isso com a vitória de Jânio Quadros agasalhado em partido nanico, o Partido Trabalhist­a Nacional (aqui também fez a intervençã­o que faria de Paulo Pimentel o candidato irreversív­el de Ney Braga e que racharia o Partido Democrata Cristão), que detinha um histórico messiânico, com cuja renúncia ficamos a pique de uma guerra civil monitorada pelo general Machado Lopes, que não subestimou a resistênci­a de Leonel Brizola e da brigada gaúcha e atuou pela concórdia na condição de comandante do Terceiro Exército onde se davam as operações pela posse de João Goulart.

Situação mais ou menos semelhante e anômala viria com a eleição de Collor, a primeira depois da ditadura, também sob acolhida de partido sem expressão, algo próximo da situação dominante atual, e que encontrou nas instituiçõ­es elementos para voltar à normalidad­e. O que se indaga hoje é o seguinte: há condições para a normalidad­e ou essa, em qualquer dos casos das candidatur­as hoje colocadas, é permeada de inclinaçõe­s morbidamen­te golpistas?

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