Na ilha do conhecimento
De futebol a planetas do sistema solar, menino prodígio de Londrina aprende brincando sobre diversos temas do universo
Era uma vez, um menino muito inteligente e curioso chamado Theo. Com apenas 3 anos e meio, já sabia ler e escrever, isso porque os pais, a arquiteta Ana Barreto Mafra, 35, e o músico Marcos Eduardo Mafra, 35, sempre estimularam o filho a brincar de aprender. Hoje, aos 6 anos, é considerado um menino prodígio: entende como funciona partes do corpo humano, conhece bandeiras de vários países, sabe toda a tabela periódica, além de outros temas que aborda com desenvoltura e simpatia. Vivendo em Londrina, a família conta como fez para que o menino se desenvolvesse em um ambiente saudável e propício para o conhecimento e como a tecnologia entra nessa fórmula.
Foi por conta da tecnologia que Theo ficou conhecido. Em um momento de desenho livre na escola, o menino escolheu fazer o corpo humano e descreveu a anatomia que acabara de representar. Impressionada com a demonstração, a professora gravou um vídeo e enviou para a mãe. “Aí eu passei para a minha mãe, minha mãe passou para o tio, o tio passou para a prima... um dia eu estava recebendo muita notificação no celular, um professor de anatomia soltou o vídeo na página dele no Facebook e viralizou”, recorda a mãe. Por conta desse vídeo, Theo foi convidado a participar de programas de TV, como Mais Você, na Globo, e no Domingo Show, na Record, em que ganhou uma viagem para conhecer o Museu de História Natural de Nova York.
Segundo Ana, a família o estimula desde bebê por meio de atividades lúdicas e sensitivas. “A gente morava em Maringá, não tinha nem TV em casa. Então, explorava todas as possibilidades possíveis do mesmo livro. Conforme ele foi crescendo, a gente foi trabalhando com coisas mais táteis: uma letra que dançava, um número que apostava corrida, cores, tudo muito sensitivo, tátil e lúdico. Na TV, acabava colocando conteúdo educativo, não porque a gente queria expor o Theo somente a isso, mas porque era bonitinho e ele foi respondendo.” O método se repete para o filho mais novo, Yann, de 1 ano e 2 meses, o que Ana diz ser um teste para saber se seria mesmo uma questão de estímulo ou se o filho mais velho é que tem uma aptidão fora do comum. Por enquanto, percebe boas respostas com o caçula.
Aprender brincando é uma atividade que Theo tomou gosto, o que é um desafio para os pais. “Eu tive que revirar minhas apostilas de escola, porque eu também não tenho resposta para tudo”, ri Ana. Em alguns conhecimentos, o menino até ultrapassa, em poucos segundos consegue dizer a qual país cada bandeira pertence, assunto pelo qual se interessa. “Gosto mais de história, geografia e ciências. Português e matemática eu também gosto, mas não é aquele gostar...”, menciona com sinceridade.
O menino de sabedoria acima do comum - e humildade idem - julga ser importante dividir o conhecimento e ajudar colegas com dificuldade na escola. “Eu falei que iria ajudar um amigo e um menino falou que eu não podia, mas eu disse que tinha que ajudar sim, porque ele precisava”, recorda a situação. Pensando em continuar unindo a diversão com conhecimento, desejou produzir conteúdo na internet para que outras crianças pudessem aprender brincando, como ele. Com desenvoltura para vídeos, Theo vai lançar sua série no YouTube no Dia das Crianças. Os interessados podem procurar o canal Ilha do Theo, que já possui uma conta no Instagram.
Para que haja liberdade para o conhecimento, é preciso abrir mão de algumas coisas. Ana Barreto Mafra, 35, mãe de Theo, 6, deixou de trabalhar logo depois que ele nasceu, esforço reforçado com a vinda do segundo filho Yann, 1. A casa é um laboratório de ideias voltado para as crianças. “Tem mãe que não gosta que os filhos desenhem na parede, mas quando elas me perguntam se eu não me incomodo, eu ensino que é só passar um pano com água que o desenho sai”, ri da situação por ser arquiteta desapegada.
Os livros infantis ficam à mão e os brinquedos (comprados e construídos por eles) estão espalhados por toda parte da casa. No corredor, há uma grande tabela periódica feita manualmente pela criança em papel colorido. No quarto, paredes e portas com desenhos e colagens como se fossem galerias da felicidade de Theo.
TECNOLOGIA
Em meio a um mundo repleto de tecnologia, em que a maior parte do lazer das crianças é destinada a desenhos animados, programas de TV, jogos digitais e canais no Youtube, Ana conta que limitou o contato em 30 minutos por dia. No resto do tempo, Theo podia brincar à vontade. No entanto, com a vinda do segundo filho, os dispositivos móveis acabaram sendo um aliado. “O tablet virou uma espécie de babá, mas o Theo tem uma atitude de responsabilidade e obediência muito bacana, a gente monitora os conteúdos, mas os canais que ele se interessa são basicamente informativos ou de curiosidade”, afirma.
Jogos de encaixe, de países e continentes e canais de ciências estão entre os interesses do garoto, que também se diverte como qualquer outra criança. “Eu jogo bola com os amigos, brinco de carrinho também. Meu personagem favorito é o Mcqueen”, aponta o personagem da Pixar, uma relação com sua admiração por automóveis. Em casa, brinca de construir brinquedos com material reciclado, faz experiências científicas e se diverte e aprende brincando.