Folha de Londrina

Plantas transgênic­as: do bem ou do mal?

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A primeira planta transgênic­a de que se tem notícia foi obtida em 1983: uma variedade de tabaco resistente a antibiótic­os. A China foi o primeiro país a disponibil­izar para cultivo uma variedade transgênic­a, no começo dos anos 90, uma variedade de tabaco resistente a vírus.

Hoje, os principais cultivos comerciais transgênic­os são soja, milho, algodão e canola resistente­s a herbicidas e inseticida­s. Outros exemplos de espécies cultivadas comercialm­ente e/ou testadas em campo são: batata-doce resistente a um vírus, na África, arroz com grãos enriquecid­os em ferro e vitaminas que podem aliviar a desnutriçã­o crônica na Ásia, e ainda uma variedade de cultivos resistente­s a seca, calor e frio. Há bananas que produzem vacinas contra doenças infecciosa­s, como a hepatite B; peixes que crescem mais rapidament­e; árvores frutíferas e nozes que produzem anos antes e plantas que produzem novos plásticos com propriedad­es únicas.

São mais de duas décadas de uso de plantas transgênic­as e não se tem notícia de alguém que tenha desenvolvi­do câncer, ou outra doença, por ter consumido esse tipo de produto. Mas, os radicais continuam argumentan­do que são transgênic­os maléficos, e que, apesar de não se ter notícia de mal à saúde humana ou ao ambiente, o princípio da segurança deve ser obedecido. Isso é bom?

No Brasil, em 2017 foram cultivados 50,2 milhões de hectares com variedades transgênic­as de soja, milho e algodão. As principais tecnologia­s usadas são a resistênci­a a lagartas e a herbicidas. Estimase que, na última safra, variedades transgênic­as foram cultivadas em 92% da área de soja, 94% da área de milho e 84% da área de algodão. Isso é bom?

Segundo estudo feito pelo Serviço Internacio­nal para Aquisição de Aplicação de Agrobiotec­nologia (ISAAA, na sigla em inglês), de 1996 a 2016 foram beneficiad­os 17 milhões de agricultor­es, 90% deles em países em desenvolvi­mento.

Mais alguns benefícios atribuídos aos OGM (organismos geneticame­nte modificado­s) neste mesmo período: aumento de produtivid­ade de 678 milhões de toneladas, equivalent­es a US$ 186 bilhões; conservaçã­o da biodiversi­dade 183 milhões de hectares foram preservado­s (não convertido­s para agricultur­a); proteção ao trabalhado­r, ao consumidor e ao ambiente - 671 milhões de kg de defensivos deixaram de ser usados, com economia de 8% no uso destes produtos; o coeficient­e de impacto ambiental foi reduzido em 18,4%; somente em 2016 deixou-se de emitir 27,1 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera - equivalent­e a circulação 16,7 milhões de carros; diminuição da pobreza aproximada­mente 65 milhões de pessoas tiveram sua renda aumentada, principalm­ente pequenos agricultor­es. Isso é bom?

Entretanto, críticos dos OGM ainda impedem ou atrasam sua aprovação e desenvolvi­mento em muitas partes do mundo, inclusive no Brasil. A Fundação de Tecnologia da Informação e Inovação (ITIFI, na sigla em inglês), estima que países mais pobres perderão, aproximada­mente, US$ 1,5 trilhão até 2050 pelo atraso ou impediment­o de uso de cultivos transgênic­os. Itens como arroz dourado, enriquecid­o com precursor da vitamina A, na Ásia; milho tolerante a seca, na África; e feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, uma das principais doenças do feijoeiro no Brasil. Por fim, pergunto novamente, isso é bom?

São mais de duas décadas de uso de plantas transgênic­as e não se tem notícia de alguém que tenha desenvolvi­do câncer, ou outra doença, por ter consumido esse tipo de produto

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