TERAPIA VIRTUAL -
No dia 11 de novembro entra em vigor resolução do Conselho Federal de Psicologia que determina novos limites para atendimentos e consultas por meio de TICs
A partir do mês que vem, o atendimento psicológico online deixará de ser restrito a orientações, sem limite de sessões. Para a psicóloga Daniele Ribeiro, mudança facilita acesso, mas requer cuidados.
Apartir do mês que vem o atendimento psicológico on-line não será mais restrito a orientações e não terá limite de sessões. No dia 11 de novembro de 2018, entra em vigor a resolução n° 11/2018, que amplia as possibilidades de oferta de serviços de psicologia mediados por TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação).
Com a mudança, o profissional da área não precisará mais estar vinculado a um site e caberá a ele definir e estabelecer métodos e técnicas para a prestação de serviços. “É necessário ter um cadastro individual no conselho regional. A partir disso, o profissional receberá um manual e definirá como será feito esse atendimento, isto é, através de qual plataforma”, afirmou a presidente da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP-PR (Conselho Regional de Psicologia no Paraná), Ludiana Cardozo Rodrigues.
Os profissionais poderão optar pelo uso de qualquer ferramenta de comunicação, tendo ou não transmissão de imagem. A nova resolução revoga a CFP n° 11/2012, que limitava o número de sessões on-line e não permitia a psicoterapia.
Eram autorizadas as orientações psicológicas, processos prévios de seleção de pessoal, aplicação de testes regulamentados e atendimento eventual de clientes em trânsito ou que momentaneamente não podem comparecer ao atendimento presencial.
Rodrigues explicou que, com o passar do tempo, dificuldades foram surgindo em termos de fiscalização, “na questão, por exemplo, de saber se esse profissional estava cumprindo somente as 20 sessões e se de fato se tratava apenas de orientação. As sessões já estavam se tornando psicoterapia”, apontou.
Atualmente, há 18.710 psicólogos (as) ativos (as) no Paraná, segundo o CRP-PR. Até o momento, com a resolução de 2012 ainda em vigor, são 861 sites em todo o País com o selo de autorização do CFP para realizar o
atendimento on-line, sendo aproximadamente cem deles sob a jurisdição do CRP-PR.
A assessoria de comunicação da entidade no Estado informou que pode haver mais de um profissional atuando em cada site e que, por enquanto, não foi iniciado o cadastramento individual para atuação on-line. O CRPPR aguarda as diretrizes internas do CFP a respeito dos itens que serão estabelecidos para essa atualização.
Ainda de acordo com Rodrigues, alguns profissionais sinalizam uma resistência à prática sob o entendimento de que a profissão pode ser banalizada. Entretanto, ela destacou que alguns estudos já conferem que a psicoterapia on-line é possível e que pessoas com fobia social, por exemplo, têm grande adesão a esses atendimentos.
“Estamos utilizando um recurso a mais para as pessoas. Essa divulgação não
tem como objetivo acabar com o atendimento presencial. A psicologia tem infinitas abordagens e o profissional terá que ter autonomia para identificar se possui capacidade técnica e ética para dar conta desta modalidade”, ressaltou.
Vale lembrar que a resolução
mantém algumas situações como a proibição do atendimento de pessoas em situação de emergência, urgência e violação de direitos. Os serviços que envolvem crianças requerem autorização de pais e/ou responsáveis.
ÉTICA
“Com o uso das tecnologias, os psicólogos ficarão mais expostos no sentido do paciente ter a possibilidade de gravar ou printar uma conversa diante de uma situação que considerar antiética”, advertiu Rodrigues.
A psicóloga clínica em Londrina, Daniele Oliveira Ribeiro, que tem como projeto profissional só trabalhar com psicoterapia on-line no próximo ano, disse que a segurança para ambos depende de investimentos em tecnologias.
“Para que o atendimento seja feito dentro do nosso Código de Ética profissional no que diz respeito ao sigilo e à privacidade do ambiente, o profissional terá que investir em recursos, como, por exemplo, aplicativos que são criptografados e que dão maior segurança ao cliente”, apontou.
Para Ribeiro, a mudança na resolução é tida como uma oportunidade tanto para os profissionais quanto para clientes. “Facilita o acesso das pessoas ao atendimento psicológico, especialmente para aqueles que não podem sair de casa, seja porque estão acamados ou por qualquer outra dificuldade de locomoção, moradores de localidades com poucos recursos em termos de saúde e brasileiros que estão fora do País”, afirmou.
Sobre um possível prejuízo na questão da linguagem corporal nos atendimentos on-line, a psicóloga reforçou a importância do preparo do profissional para atuar nesta modalidade. “Ele terá que buscar formação para manter a mesma qualidade de atendimento, tendo um campo visual limitado. Por isso, esses serviços exigirão muito mais do psicólogo como investigar e perceber outras linguagens no cliente ou paciente”, disse.
Segundo Ribeiro, ainda não há nenhuma especialização na área, mas pesquisas científicas publicadas por profissionais experientes trazem fundamento teórico. “Acho que o psicólogo tem que acompanhar o movimento da sociedade. Hoje, o mundo é tecnológico e cada vez mais as pessoas estão inseridas nesse contexto”, acrescentou.
Alguns profissionais sinalizam uma resistência à prática sob o entendimento de que a profissão pode ser banalizada