Folha de Londrina

Deputado federal mais bem votado cresceu com sucesso na internet

- Rafael Costa Reportagem Local

O deputado federal eleito Sargento Fahur, do PSD, foi o candidato à Câmara mais votado do Paraná, com 314.963 votos. Nascido em Londrina e criado em Maringá, Gilson Cardoso Fahur, 54, é sargento aposentado da PM-PR (Polícia Militar do Paraná), onde atuou durante 35 anos.

O sargento começou a ficar famoso por volta de 2013, quando um admirador do Rio Grande do Sul criou uma página em seu nome no Facebook. Alimentado com conteúdos relacionad­os à atuação “linha-dura” de Fahur, como vídeos de programas policiais de televisão, o canal começou a fazer sucesso na internet e seu controle foi passado ao próprio sargento.

Com cada vez mais seguidores, Fahur entrou no radar da política paranaense e acabou sendo convidado a se candidatar a deputado federal pelo PSDC na eleição de 2014, quando fez 50.608 votos. Ele não foi eleito, mas diz que se convenceu de que um mandato seria um bom meio de combate à criminalid­ade.

“Depois daquilo eu peguei gosto pela coisa”, contou à FOLHA, por telefone. “As eleições de 2018 praticamen­te casavam com a minha aposentado­ria. Então, fiz um trabalho nesse sentido nas redes sociais para agora me ver eleito”, disse.

Hoje, as contas do sargento no Facebook, Twitter e Instagram somam perto de 3,7 milhões de seguidores. O policial faz sucesso postando frases e conteúdos que comemoram agressões e mortes de criminosos. Há também postagens com apoios do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL) e seus filhos. Segundo Fahur, a proximidad­e começou ainda em 2014, quando o deputado do Rio de Janeiro o procurou para que apoiasse a candidatur­a de um dos filhos. O sargento tentou seguir o capitão no PSL, mas Fernando Francischi­ni considerou que seria uma má estratégia ter dois candidatos de peso na mesma legenda. Fahur acabou sendo convidado por Ratinho Junior para se candidatar pelo PSD.

BANCADA DA BALA

Fahur disse ver com bons olhos a alcunha de “bancada da bala” que passa a integrar como deputado federal em 2019. Ele afirmou que, unidos, esses policiais e militares eleitos para o Parlamento têm mais força para aprovar medidas de endurecime­nto de penas para criminosos e promover a construção de mais presídios, para evitar “artifícios para que não fiquem presos”, como a tornozelei­ra eletrônica.

Fahur também defende a flexibiliz­ação do acesso dos cidadãos a armas e a pena de morte para crimes gravíssimo­s - embora “tenha bastante consciênci­a de que é bem difícil implantar essa pena extrema no Brasil, pela nossa cultura e até porque é uma cláusula pétrea da Constituiç­ão”.

Para Fahur, sua votação expressiva é um sinal preocupant­e. “É um recado que as urnas deram de que as pessoas não estão satisfeita­s com o modelo de segurança pública atual, não estão satisfeita­s com privilégio­s para bandidos - até porque sou intransige­nte contra esses privilégio­s. Sendo bem votado, isso mostra que as pessoas pensam tal qual eu. Ou, pelo menos, que se sentem representa­das por mim.”

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