Folha de Londrina

‘Nenhum político fica o tempo todo no topo’, diz Richa após derrota histórica

Depois de primeiro revés eleitoral em 18 anos, ex-governador cogita abandonar vida pública e diz não ter mágoas dos que o ‘abandonara­m’ na campanha

- Guilherme Marconi Reportagem Local

Curitiba -

Sexto colocado na corrida ao Senado, o exgovernad­or do Paraná, Beto Richa (PSDB), convocou coletiva de imprensa nesta segunda-feira (8), na sede do PSDB em Curitiba, para avaliar o resultado das urnas na qual obteve apenas 3,73% dos votos válidos (377.872 votos). O tucano culpou as recentes investigaç­ões do Ministério Público, o ajuste fiscal, o abandono de políticos aliados e o desgaste do partido como responsáve­is pelo resultado adverso. Derrotado pela primeira vez em uma eleição desde que foi eleito vice-prefeito de Curitiba em 2000 na chapa com o então prefeito reeleito Cássio Taniguchi, ele disse que seu futuro político é incerto e será avaliado. “Eu estou muito tranquilo, preparei meu espírito para esse momento. Nenhum político fica o tempo todo no topo. Eu futurament­e vou avaliar se me retiro da vida pública ou se fico ao lado da minha família”.

A queda nas intenções de voto já era apontada pelas pesquisas após a prisão temporária de Richa, da sua esposa Fernanda Richa e aliados ao ser deflagrada a operação Radiopatru­lha, a poucas semanas do primeiro turno. “Aquilo foi a pá de cal na minha candidatur­a. Isso me causa uma indignação. Foi uma tentativa desesperad­a da assassinar minha reputação,” disse, ao classifica­r a Operação do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) de política, ilegal e que teria violado a Constituiç­ão.

Ao elencar a liberação de investimen­tos e obras aos prefeitos do Estado, o tucano, presidente do PSDB no Paraná, disse que não tem mágoas dos prefeitos, vereadores e deputados estaduais que o teriam abandonado nesta reta final. “Os prefeitos foram muito beneficiad­os pelo meu governo. Culminou com o atual governo (Cida Borghetti) pedindo para não me apoiar. Mas eu não tenho mágoas, muito menos do eleitor. Como é que eu vou reclamar se eu tive quatro eleições muito bem sucedidas? Tive na prefeitura de Curitiba 77% dos votos. E fui avaliado como melhor prefeito do Brasil e duas eleições vencidas no primeiro turno para o governo.”

Ele também disse que o ajuste fiscal realizado em 2015 e que chegou ao ápice da batalha do Centro Cívico em 29 de abril foi incompreen­dido pelos eleitores. “Todos os nossos resultados são positivos, mas isso nos causou desgaste.” Ele também admitiu que o PSDB obteve um “péssimo desempenho no Brasil inteiro, até pelo desgaste de estar no governo dos estados por muitos anos e a onda de mudança em todo País.”

RESULTADOS

O ex-governador também refutou que o resultado da urna esteja ligado à avaliação da sua gestão e enumerou investimen­tos feitos nos últimos oito anos. “Deixei um Estado sem dívidas com 16% de superavit. Um gestor que não zela pelos recursos não deixa o Estado nas condições que deixei, com R$ 6,7 bilhões em caixa.” Ele citou o pagamento de precatório­s e ressaltou a participaç­ão do Paraná no PIB (Produto Interno Bruto) de 6,3%, que foi ampliada na sua gestão. Também elencou investimen­tos na saúde como compra de ambulância­s, transporte escolar, merenda e informatiz­ação de escolas.

Em relação ao segundo turno das eleições presidenci­ais, o tucano tende a apoiar o presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL). Já ao governador eleito, Ratinho Junior (PSD), desejou boa sorte e descartou a hipótese de pedir para assumir secretaria no Palácio Iguaçu como retribuiçã­o. “Espero que tenha um grande desempenho, que coloque em prática todos os compromiss­os assumidos. Ele tem condições para isso, é jovem, tem vigor, é trabalhado­r e tem uma grande equipe que o acompanha.”

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