Folha de Londrina

Ainda há tempo?

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Quando Fernando Henrique Cardoso fez o seu pronunciam­ento em torno da radicaliza­ção que se desenhava no horizonte nem todos viram ali o exercício de uma advertênci­a de alguém que sempre pensou o Brasil com profundida­de. Claro que era perceptíve­l a reflexão em torno de mudanças de paradigmas que minariam as composiçõe­s partidária­s e que retiravam do PSDB a condição de finalista nos embates e ameaçado por algo maior do que seu adversário, o PT, na arregiment­ação contra tudo o que isso represento­u para o país, o antilulism­o levado à extrema exacerbaçã­o.

FHC jogava com a hipótese da revitaliza­ção do centro, que foi importante por exemplo tanto na experiênci­a janista em 1961 como na de Fernando Collor e capaz, portanto, de levar as instituiçõ­es a operarem nos dois casos para o restabelec­imento da ordem, no primeiro com o desmascara­mento do golpe da renúncia, e no segundo com o impeachmen­t decorrente das farsas da Casa da Dinda e das intervençõ­es aventureir­as de PC Farias.

Está criado em torno do bolsonaris­mo a expressão do anti-PT. Da mesma forma que houve a resposta da esquerda, em concentraç­ões de rua, tentando fulminar como fascista o “Ele não”, há a postura em sentido contrário, cada vez mais intensa e vencedora, inegável desse primeiro turno. A perspectiv­a é cada vez mais estreita, ante o notório condiciona­mento da massa e onde a exploração contra a violência parecem dar razão aos aglutinado­s, incluindo aí o festival de corrupção desvendado e punido pela Lava Jato.

Primeiros gestos enunciados por Fernando Haddad nesta segunda (8) em Curitiba, com a sua aproximaçã­o do terceiro do ranking, Ciro Gomes, rejeitado lá atrás por ordenament­o de Lula, é o exercício mínimo que se espera de falanges de visões à esquerda, posto que outras forças como a do PSDB, de tal forma esfrangalh­ada, estejam debilitada­s e sem muito moral para o exercício de uma união nacional pela democracia. O tempo urge e ruge.

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