Folha de Londrina

Quando FHC alertou sobre a radicaliza­ção que se desenhava, nem todos deram importânci­a.

Ao menos nove candidatos a deputado estadual eleitos no último domingo (16%) são ligados a setores militares; maioria da atual Legislatur­a deve apoiar Bolsonaro contra Haddad

- Mariana Franco Ramos Reportagem Local politica@folhadelon­drina.com.br

- Dos 54 deputados estaduais eleitos nesse domingo (7) no Paraná, ao menos nove são ligados a setores militares, o que representa 16,66% do total. De acordo com o Delegado Recalcatti (PSD), reconduzid­o a um segundo mandato, com mais de 35 mil votos, o resultado das urnas deve levar à criação de uma “bancada da bala” na AL (Assembleia Legislativ­a), nos moldes da que existe no Congresso Nacional. A frente em Brasília é apoiada pela indústria de armas e por associaçõe­s de atiradores civis.

Além de Recalcatti e de Marcio Pacheco (PPL), que é policial federal e também foi reeleito, estarão na Casa a partir do ano que vem: Delegado Francischi­ni (PSL), Coronel Lee (PSL), Delegado Fernando (PSL), Subtenente Everton (PSL), Delegado Jacovos (PR), Soldado Fruet (PROS) e Soldado Adriano José (PV). “Bancada da bala, com certeza. Tem que ser; uma bancada forte, que vai lutar por uma segurança mais eficaz, mais eficiente para o nosso Estado, que vem sofrendo muito”, comemorou o parlamenta­r do PSD.

Recalcatti ficou como suplente no pleito passado, mas assumiu a vaga há dois anos, no lugar de Chico Brasileiro (PSD), que foi eleito prefeito de Foz do Iguaçu (Oeste). Acusado de envolvimen­to no assassinat­o de Ricardo Geffer, em 2015, ele sempre negou as acusações, dizendo não ser bandido. Geffer era suspeito de ter participad­o da morte do ex-prefeito de Rio Branco do Sul (Região Metropolit­ana de Curitiba), João Dirceu Nazzari. O político era casado com uma prima do delegado.

FORÇA DO PSL

Como em todo o País, a criação do bloco se deve ao cresciment­o exponencia­l do PSL, sigla do presidenci­ável Jair Bolsonaro (PSL-RJ). Francischi­ni, que é um dos principais cabos eleitorais do capitão da reserva, chegou a se lançar ao Senado, entretanto, na última hora acabou aceitando o pedido de Bolsonaro para disputar a AL. A estratégia deu certo. Ele obteve apoio de mais de 427 mil eleitores. A legenda, que hoje tem apenas dois representa­ntes - Felipe Francischi­ni, eleito deputado federal, e Missionári­o Ricardo Arruda -, passará a contar com oito.

Alguns deputados já sinalizara­m que deverão fechar com Bolsonaro. São os casos do presidente da AL, Ademar Traiano (PSDB), e do 1º vicepresid­ente, Guto Silva (PSD). “O partido não se posicionou, mas eu manifesto aqui que sou anti-PT; sou Bolsonaro”, disse o tucano. “Foi um verdadeiro tsunami. Houve uma mudança radical em relação aos atuais deputados. A presença de Bolsonaro no Paraná influencio­u muito o processo político. É um quadro totalmente diferente e temos de dar tempo ao tempo para avaliar como será o comportame­nto dentro do plenário”, completou.

“Temos uma boa relação com o PSL e um diálogo adiantado. Estamos em conversa, até porque o Ratinho apoiará o Bolsonaro no segundo turno. Isso faz com que esse processo de aglutinaçã­o de bancadas aqui seja natural”, contou Silva. Ele falou que o PSD ainda está avaliando o processo eleitoral, antes de pensar na formação do próximo governo. “O que queremos é calibrar bem, para que o novo governo esteja conectado à sociedade”.

Terceiro deputado mais bem votado, com 84,8 mil votos, Professor Lemos (PT) adiantou que seguirá na oposição. O PT aumentou sua bancada de três para quatro parlamenta­res. Péricles de Mello não se reelegeu, contudo, entraram Luciana Rafagnin e Arilson Chiorato. “A população escolhe quem vai ficar na oposição e no governo. A gente não pode desrespeit­ar a decisão do eleitor. Isso não são significa que projetos que não sejam bons não terão o nosso apoio. Fazemos uma oposição muito consciente, respeitand­o a população do Paraná”.

Bancada da bala, com certeza; uma bancada forte, que vai lutar por uma segurança mais eficaz”

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Pedro de Oliveira/Alep Professor Lemos (PT) será oposição a Ratinho Jr.: “A população escolhe quem vai ficar na oposição e no governo”
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Delegado Recalcatti (PSD) foi reconduzid­o a um segundo mandato, com mais de 35 mil votos
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