Folha de Londrina

Por que a honestidad­e surpreende?

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De vez em quando o brasileiro se depara com a notícia de uma pessoa que encontrou algo de valor perdido e devolve ao dono. Dando uma busca na internet é possível ver vídeos e textos contando esse tipo de história com um final feliz. Esta semana foi a vez de um motorista desemprega­do do Distrito Federal que encontrou uma carteira com R$ 3,5 mil, além de cartões de crédito, identidade, cheques e outros documentos. Detalhe: o homem tinha acabado de sair de uma agência bancária onde havia ido - em vão - pedir um empréstimo de R$ 900,00. Há três anos ele procura trabalho, mas nem cogitou ficar com o dinheiro. Entregou a carteira, ganhou R$ 400,00 de recompensa e de quebra um amigo. No Brasil, é tão surpreende­nte quando uma pessoa toma uma atitude ética e honesta que isso vira notícia nos veículos de comunicaçã­o. Deveria ser comum.

A situação inversa também virou notícia. Uma servidora do INSS de Juiz de Fora, em Minas Gerais, “casou” o filho de 29 anos com a tia-avó dele, uma médica pediatra de 94 anos, para que o moço recebesse a pensão da aposentada, que morreu em julho de 2018. Se a fraude não fosse descoberta, o prejuízo estimado aos cofres públicos seria de R$ 4 milhões. A certidão de casamento foi anulada por meio de uma ação movida pela Advocacia Geral da União, que conseguiu provar que a médica falecida era solteira.

Quando falamos em corrupção - e como estamos falando - , pensamos na classe política e lembramos dos grandes empresário­s presos na Lava Jato. Mas no dia a dia, as pessoas conseguem perceber atitudes ilícitas, praticadas por elas mesmas, muitas vezes considerad­as pequenas e comuns? Muita gente se revolta, consideran­do-se vítima da desonestid­ade, mas ao encontrar um aparelho celular perdido ou uma carteira com dinheiro não procura devolver. Outra situação que causou indignação nos últimos dias foi o caso do furto a um Centro de Educação Infantil de Londrina, o Cantinho dos Anjos. Ladrões arrombaram a escola na madrugada de segunda-feira (8), chegaram ao cofre e levaram R$ 4 mil em dinheiro, arrecadado­s durante uma festa, para consertar o muro da creche e para comprar um novo freezer. Quebrar o círculo vicioso da corrupção não é fácil. Sabemos que é preciso identifica­r e punir os grandes corruptos, mas é necessário que o povo faça uma reflexão. O combate à corrupção é papel de todos.

Quebrar o círculo vicioso da corrupção não é fácil

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