Folha de Londrina

Bolsonaro, Haddad e a reforma da Previdênci­a

Segundo Paulo Guedes, o que está em análise é a criação de um imposto único, com alíquota de 20%, “que favorece os mais pobres”

- Cristina Indio do Brasil Agência Brasil

O economista Paulo Guedes, que comanda o núcleo econômico da campanha do candidato do PSL à Presidênci­a da República, Jair Bolsonaro, desmentiu nesta terça-feira (9) a proposta de retomar a CPMF (Contribuiç­ão Provisória sobre Movimentaç­ão Financeira), o imposto do cheque.

Em entrevista ao site UOL, à Rádio Jovem Pan e ao Pânico, transmitid­a ao vivo, Guedes afirmou que estuda a proposta do seu colega Marcos Cintra de criar um imposto único. Segundo ele, a fórmula é a favor dos mais pobres, pois elimina os impostos indiretos, que são regressivo­s, e permite simplifica­r tudo em uma única alíquota.

Guedes disse ter sido mal interpreta­do durante palestra fechada e organizada por uma empresa de aconselham­ento e gestão de fortunas familiares, em setembro, e que estava analisando duas propostas: ir para o imposto único federal, com a base no valor adicionado, ou uma outra, com base nas transações financeira­s.

Segundo o economista, o estudo de Cintra prevê imposto único com alíquota de 15%, mas ele decidiu encampar a proposta com 20%. “Isso que o Jair está falando que vai ter isenção para todo mundo e depois é 20%, na proposta dele era 15%, eu é que fui conservado­r e disse vamos manter em 20%. O que está se falando aí, é um absurdo, é equivocado, é de gente desprepara­da vazando coisa que não conhece.”

MERCADO

Ao defender o aumento da competitiv­idade no mercado brasileiro, Guedes criticou a concentraç­ão de recursos no governo federal nos últimos 20 anos, que teria favorecido grandes grupos financeiro­s e empresaria­is e criado cartéis, porém ressaltou que os orçamentos incluíram políticas públicas. “Essas políticas públicas, evidenteme­nte, serão mantidas, o Bolsa Família como disse o Jair vai ser aumentado.”

Para o economista, a concentraç­ão de recursos no governo federal é caracterís­tica de sistema social democrata. “O dinheiro está concentrad­o e aí faz um pouco de assistenci­alismo com o andar de baixo e faz alguns grandes negócios com o andar de cima, em vez de focar na criação de uma classe média emergente, na competição do mercado, do preço razoável quando tem uma competição. Não é isso que tem acontecido no Brasil. A economia do Brasil é uma das mais fechadas do mundo.”

Guedes disse que o caminho da prosperida­de é o de grandes nações que foram construída­s por meio de mecanismos de inclusão social. Apontou que “a maior ferramenta” para criar dignidade e riqueza é a economia de mercado.

“Chineses, soviéticos, exsocialis­tas, vítimas do socialismo que mergulhara­m nos mercados globais e estão escapando da miséria, enquanto isso estamos fechando e cartelizan­do a nossa economia”, afirmou o economista, informando que a eleição de 2018 é baseada em princípios e valores, por isso não adianta fazer “pegadinhas” sobre economia.

PRIVATIZAÇ­ÕES

Além da entrevista, Guedes acompanhou Bolsonaro em encontro na casa do empresário Paulo Marinho, na zona sul do Rio de Janeiro, onde o candidato gravou programas eleitorais. Ao falar com jornalista­s, o economista voltou a defender a privatizaç­ão de empresas estatais argumentan­do que o País já está atrasado no que classifico­u de uma reforma do Estado.

“Em vez do Estado empresário, em vez de recursos centraliza­dos no governo federal, fazendo estádio de futebol, tem que descentral­izar esses poderes. Tem que acelerar as privatizaç­ões para continuar a reforma do Estado”, disse.

Sobre a reforma da Previdênci­a, Paulo Guedes disse que, antes de tudo é uma questão política, mas que, como economista, acredita que quanto mais cedo elas foram feitas melhor para a saúde financeira do País. “Nós estamos atrasados”, concluiu. (colaborou Vladimir Platonow)

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Daniel Ramalho/AFP Segundo Paulo Guedes, a fórmula do novo imposto é a favor dos mais pobres porque elimina os impostos indiretos, que são regressivo­s, e permite simplifica­r tudo em uma única alíquota

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