LUIZ GERALDO MAZZA
Prefeito afastado, ex-secretários e outros agentes públicos são acusados de formar organização criminosa; MP deve oferecer denúncia nesta quarta
Antipetismo e “Ele não” se rejeitam. Tivemos explosão coletiva do voto com raiva
Eram quase sete horas da noite desta terçafeira (9) quando o vereador Alex Santana (PSD) terminou de parabenizar os demais integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) aberta pela Câmara Municipal de Rolândia (Região Metropolitana de Londrina), após a leitura do relatório com as oitivas das testemunhas do suposto esquema de recebimento de propina por parte de agentes públicos da prefeitura local.
“Vivemos uma tragédia da corrupção que se espalhou sem cerimônias, onde fazer política funciona assim: o agente político relevante coage o prestador de serviços para receber vantagens indevidas para distribuir dinheiro”, afirmou Santana na Câmara Municipal.
A Comissão foi instalada em maio para investigar denúncias de cobrança de propina por parte de secretários municipais, esquema que foi desbaratado na Operação Patrocínio, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), em se- tembro. Ao todo foram 120 dias de trabalho da Comissão. Agora é que poderá ser discutida a abertura de uma Comissão Processante para julgar a cassação do mandato do prefeito de Rolândia, Luiz Francisconi Neto (PSDB), afastado desde então sob monitoramento da Justiça com tornozeleira eletrônica.
Entretanto, segundo o relator, o vereador Irineu de Paula (PSDB), o escopo da investigação realizada no âmbito do Poder Legislativo não chegou em Francisconi.
“Durante todo o trabalho da CPI nós chegamos à conclusão de que houve uma cobrança de valores indevidos referente à percentagem do que a empresa fazia e essa cobrança foi feita pelo secretário de gabinete”, afirma.
O vereador João Gaúcho (PSC) também faz parte da CPI. Agora, cópias vão ser enviadas ao Ministério Público e à Prefeitura de Rolândia.
OPERAÇÃO PATROCÍNIO
Segundo apurou a reportagem, o Ministério Público deve oferecer denúncia à Justiça ainda nesta quartafeira (10). Ao todo 19 pessoas devem ser denunciadas por 35 fatos criminosos, como organização criminosa, corrupção ativa e passiva. Nesta denúncia devem ser incluídos os secretários municipais, empresários e o prefeito afastado, Luiz Francisconi.
Em setembro o Ministério Público cumpriu 17 mandados de busca e apreensão na Prefeitura de Rolândia. Oito secretários municipais foram exonerados e também estão sendo monitorados. Até o momento foi identificada a movimentação de quase R$ 240 mil, entretanto, conforme apurou a reportagem, o valor total desviado do município deverá ser maior.
A defesa do prefeito afastado entrou com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal para que ele possa retornar ao cargo, mas o Ministro Gilmar Medes indeferiu o pedido. O advogado Anderson Mariano afirmou que o Tribunal de Justiça ainda não permitiu o acesso ao processo e que Francisconi não tem qualquer responsabilidade sobre os crimes. Na noite desta terça-feira a reportagem não conseguiu contato com o prefeito afastado.