Folha de Londrina

Tudo na mesma

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O que se pode dizer da primeira pesquisa presidenci­al é que tudo permanece, pelo menos até aqui, nos mesmos parâmetros: Bolsonaro está com 58% e Haddad com 42%, praticamen­te aquilo que os votos válidos registrara­m no pleito, 46 a 29, isso é, 12 a mais para o primeiro e 13 a mais para o segundo. Apesar de levemente chamuscado­s em sua precisão, institutos de pesquisas são indispensá­veis e o Datafolha opera com amostragen­s superiores às do Ibope e com uma estrutura crítica em termos sociológic­os e estatístic­os mais sofisticad­a.

É muito cedo para alteração significat­iva no quadro por não estar bem definido o painel das adesões, inclusive com a genérica declaração de “neutralida­de”, que parece em tudo incompatív­el com o radicalism­o cristaliza­do. Acerta o PT em reduzir o protagonis­mo do ex-presidente na prisão, o que pegava mal para o postulante o culto do mito messiânico já adotado pelo adversário e um desastroso sinal de dependênci­a e falta de autonomia. Além de tudo isso só favorecia a pregação anti-PT nas visitas ao sentenciad­o, já que para a maioria do público, também conforme as pesquisas, não haveria a alegada inocência.

Um detalhe curioso é que bastou ao capitão reformado falar em limitar a privatizaç­ão no caso das energética­s para que o mercado, que o mais das vezes o beneficia, fizesse a Bolsa cair em 2,8% e elevar o dólar a R$ 3,75. Junto com a declaração disse não pretender a reforma da Previdênci­a como Temer havia concebido, também gerando pontos negativos aqui e no exterior.

Em política há além das claques envolvidas, uma delas o mercado, até aqui em linhas gerais identifica­do com Bolsonaro. Teses possíveis de Haddad, por mais concessões que faça, dificilmen­te agradarão ao mercado. Já os espaços para a direita agir no campo social estão aí a postos como ampliar o Bolsa Família (na concepção original estava guindado à presença das crianças nas escolas) e universali­zar creches para crianças até 3 anos.

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