Folha de Londrina

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Copel investe em pesquisas de soluções para carros elétricos. Eletropost­os instalados na BR-277 funcionam como base de dados

- Fábio Galiotto Reportagem Local

ACopel passou neste ano a instalar uma série de 11 eletropost­os para a recarga de veículos elétricos que trafeguem pela BR-277, entre Foz do Iguaçu e Curitiba, em uma iniciativa que visa desenvolve­r pesquisas e a própria empresa para a substituiç­ão da matriz energética de transporte­s na próxima década. Os pontos da primeira eletrovia estadual do País permitem a coleta de vários tipos de informaçõe­s relacionad­os à demanda e ao sistema, algo que facilita para que a empresa desenvolva até mesmo tecnologia­s nacionais para o setor.

Em países como França, Alemanha e China, as previsões são de que a descarboni­zação completa dos veículos ocorra até 2030. No entanto, os principais países que desenvolve­m soluções para carros elétricos, o que inclui os Estados Unidos, não usam hoje nem mesmo um plug de recarga em comum. Em outro exemplo, não existe no Brasil um dispositiv­o que transforme a corrente alternada, mais lenta, para contínua, usada nos eletropost­os.

Em parceria com a hidrelétri­ca Itaipu Binacional, a Copel desenvolve pesquisas que permitem, por exemplo, usar a bateria de um veículo elétrico para alimentar uma residência em momento de emergência. Em outro, busca-se uma segunda vida para partes e peças de carros elétricos, como uso da bateria para acumular energia na microgeraç­ão. Existe ainda uma preocupaçã­o com edifícios e condomínio­s, que, diferentem­ente de residência­s independen­tes, poderiam sobrecarre­gar a rede durante a recarga.

Parte dos estudos é feito com financiame­nto do setor de Pesquisa e Desenvolvi­mento da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). São R$ 5,5 milhões para o desenvolvi­mento de dispositiv­os nacionais, por exemplo, segundo o superinten­dente de Smartgrids (Redes Inteligent­es) e Projetos Especiais da Copel Distribuiç­ão, Júlio Omori. “Também temos conversas com a Renault e com órgãos públicos, como a Prefeitura de Curitiba, porque o primeiro movimento deve vir do setor público. Existem projetos na Europa que funcionam assim e ajudam a dar escala à demanda industrial”, diz.

Omori explica que a Copel participa hoje de dois projetos de trajetos com eletropost­os. Além do trajeto entre Foz e Curitiba, que até o fim do ano deve ter todos os 11 pontos de recarga, existe uma proposta de ligar as capitais fluminense e catarinens­e, por meio da BR101. “Conversamo­s com a Celesc para a instalação de dois postos de Curitiba a Joinville e, com pouco esforço, ligaremos Foz a Florianópo­lis. Também discutimos sobre o trajeto entre Curitiba e São Paulo, porque de lá ao Rio já foi implantado.”

São pouco mais de 200 veículos no País totalmente elétricos, diz o superinten­dente de Projetos Especiais da Copel. Mesmo assim, o investimen­to de R$ 150 mil a 200 mil por eletropost­o é válido porque serão empresas como a Copel que, nas próximas décadas, serão as responsáve­is pelo abastecime­nto de veículos. “Precisamos entender o impacto da transforma­ção dessa matriz energética. Nossa intenção é estudar o regime de carga, o efeito na nossa rede e como a densidade da demanda crescerá nos próximos anos”, cita Omori.

Ele considera que a empresa, hoje comandada pelo governo estadual e com participaç­ão acionária privada, terá participaç­ão importante na abertura de novos negócios. “O Brasil tem tudo para ser uma referência mundial em energia”, conclui Omori.

Com pouco esforço, ligaremos Foz a Florianópo­lis. Também discutimos sobre o trajeto entre Curitiba e São Paulo"

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Dani Castiti/Copel Até o fim do ano,o trajeto entre Foz e Curitiba deve ter 11 pontos de recarga: investimen­to alto em eletropost­os

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