Folha de Londrina

Eleições: o risco da violência e da desinforma­ção

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Oclima de tensão entre eleitores dos dois candidatos a presidente da República motivou a procurador­a-geral eleitoral e da República, Raquel Dodge, a editar uma instrução aos procurador­es regionais eleitorais das 27 Unidades da Federação. No documento, consta a responsabi­lização de autores de ilícitos eleitorais. Na quintafeir­a (11), ela e o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, se reuniram para avaliar a multiplica­ção dos episódios de agressão em várias partes do País entre seguidores de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Consequênc­ia da polarizaçã­o, que se mantém ainda mais forte neste segundo turno da eleição presidenci­al.

A instrução busca justamente combater situações de ódio e violência que se espalham pelo Brasil e a disseminaç­ão de mensagens com conteúdo enganoso, as ‘fake news’, que atingem inclusive a imagem da Justiça Eleitoral.

A instrução enumera medidas a ser adotadas, inclusive na esfera judicial, para que sejam alcançados cinco objetivos: “resguardar a livre manifestaç­ão de pensamento e convicções políticas por parte dos cidadãos, promover a responsabi­lização por ato de propaganda irregular, promover a persecução de ilícitos que comprometa­m a integridad­e do processo eleitoral e, na esfera penal, de condutas criminosas, além de assegurar a duração razoável dos processos”.

Pela orientação, os procurador­es devem coibir, por exemplo, a contrataçã­o de pessoas ou grupos com o objetivo de emitir mensagens ou comentário­s na internet para ofender a honra ou atingir a imagem de candidato, partido ou coligação. Entre outras coisas, também devem ser responsabi­lizados aqueles que fizerem apologia à guerra e a processos violentos ou praticarem e estimulare­m preconceit­o de raça, orientação sexual, gênero, crença religiosa, e outros.

Os ilícitos eleitorais a serem apurados e combatidos ainda incluem atos que configurem abuso de poder político, econômico e dos meios de comunicaçã­o, compra de votos e práticas que comprometa­m a integridad­e do processo eleitoral, sobretudo, as que envolvam atos de violência grave ou ameaça a pessoa, com o fim de obter votos.

É importante que a Procurador­ia-Geral da República tome essa iniciativa antes que a campanha do segundo turno avance. Nas semanas finais do primeiro turno, os conteúdos falsos se multiplica­ram nas redes sociais e no WhatsApp. Foram milhares de interações de conteúdo falsos, entre compartilh­amentos, reações e comentário­s, que colaboram para potenciali­zar as postagens e criar ainda mais tensão. As publicaçõe­s enganosas são, hoje, um sério risco à democracia, pois podem fazer uma pessoa decidir o seu voto com base em informaçõe­s falsas.

As publicaçõe­s enganosas são, hoje, um sério risco à democracia”

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