Questão racial não está na pauta dos eleitos no Paraná
Curitiba - Dos deputados eleitos para a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, apenas Galo (Podemos) e Do Carmo (PSL) se autodeclararam de cor ou raça preta na Justiça Eleitoral.
A questão racial, no entanto, não faz parte de seus políticos, conforme explicaram à FOLHA.
Por telefone, Galo disse que a questão não fará qualquer diferença em sua atuação na Casa. “Não vou tentar prevalecer porque sou pardo ou negro. Não vejo nenhuma diferença na hora do trabalho, e não pretendo buscar nenhum tipo de privilégio - nem para mim e nem para o negro. Quero trabalhar de uma forma geral, para todos”, disse.
Já Do Carmo, vereador de Maringá eleito pelo PSL, disse ter consciência de que haverá apenas dois deputados negros entre 54 - situação que já viveu na Câmara Municipal de Maringá, conforme conta. Ele explicou, no entanto, que esse não foi um fator fundamental para a sua eleição, embora considere positiva essa “oxigenação”.
“Apesar de não ter usado a causa como bandeira, com certeza, pessoas como eu se sentirão representadas”, disse. “Eu, como eleitor, me sentiria mais confortável se tivesse alguém da raça negra me representando.”
Maria Nilza da Silva, da UEL, concorda com a avaliação. “Não fico surpresa de os políticos que foram eleitos não se voltarem para a questão racial ou saberem a fundo sobre sua realidade enquanto membro da população afro-brasileira”, diz.
“Se eles fossem militantes, seria importante, porque contribuiriam para pauta anti-racista. Mas só o fato de serem negros e estarem numa posição de destaque, como deputado, eles servem como um exemplo e dão visibilidade a uma população que antes estava praticamente ausente”, avalia.