O analfabeto politizado
No ensaio “Coração de Gelo”, o historiador inglês Paul Johnson traça um devastador perfil biográfico de Bertolt Brecht, narrando a coleção de traições, mentiras, hipocrisias e ressentimentos que caracterizam a vida pública e privada do escritor alemão. Ao final do ensaio, Johnson confessa com franqueza: “Durante este relato, eu me esforcei bastante para dizer algo a favor de Brecht. Mas ele é o único intelectual entre os que estudei, que não parece possuir uma única característica que o redima.”
Pessoalmente, acho que Johnson exagera; em termos de altruísmo e amor ao próximo, é realmente difícil encontrar uma qualidade em Brecht. Mas, pelo que li dele até hoje, posso dizer que ele foi também um talentosíssimo escritor. Gosto especialmente de seus poemas e letras de canções (em parceria com Kurt Weil). Reconheço também que “Mãe Coragem” é uma grande peça teatral.
Há 25 anos, quando eu trabalhava em um sindicato, havia na parede da sala principal um pôster com um famoso poema de Brecht: “O Analfabeto Político”. Basicamente, o texto procura difamar a pessoa comum que não gosta de se envolver com política. Sempre detestei aquele poema; mesmo na minha época de esquerdista, achava-o arrogante, primário, demagógico.
Mas eis que o tempo passou e agora temos, graças aos bons préstimos da nossa esquerda, o surgimento de uma personagem não prevista por Brecht: o analfabeto politizado.
Nem o coração de gelo de Brecht poderia esperar tamanha aberração cultural. Mas hoje ela é uma realidade na educação brasileira, especialmente no meio universitário.
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Toda ditadura é ruim. Mas há algumas ditaduras que são, digamos assim, incomparavelmente cruéis. Em geral, os regimes socialistas enquadram-se nessa categoria de paroxismo do mal.
Façamos o exercício de comparar o número de vítimas fatais da ditadura militar brasileira (434 mortos pelo regime, mais 150 mortos pelos esquerdistas) e da ditadura cubana (115.127 - sendo 77.824 mortos ou desaparecidos em tentativas de fugas do país; 5.621 fuzilados, 1.123 assassinados extrajudicialmente, 14 mil soldados mortos em missões no exterior, e assim por diante).
A população de Cuba é 18 vezes menor que a do Brasil. Em escala, os 115.127 mortos cubanos se tornariam algo em torno de 2 milhões de pessoas se a mesma mortandade acontecesse no Brasil. Portanto, guardadas as devidas proporções populacionais, a ditadura brasileira matou cerca de 4.774 vezes menos seres humanos do que a ditadura de Cuba.
Precisamos mostrar essas verdades aos nossos filhos ou correremos de que eles se tornem, também, analfabetos politizados nas mãos de ideólogos sem escrúpulos.
Socialismo nunca mais!
Em termos comparativos, a ditadura de Cuba matou 4.774 vezes mais do que a ditadura brasileira