Folha de Londrina

‘CRIATIVIDA­DE PERSEVERAN­ÇA’

- ÉRIKA GONÇALVES REPORTAGEM LOCAL (E.G.)

Fazer todos os dias um desenho diferente, que seja um retrato dos acontecime­ntos do dia e que no dia seguinte talvez já não signifique muito. Marcar a pele de alguém com um desenho que irá permanecer para sempre na forma de uma tatuagem. Seja na charge ou na tatuagem, é preciso muita criativida­de para fazer tantas ilustraçõe­s, para públicos muitas vezes completame­nte diferentes.

O ilustrador, chargista e tatuador Gustavo Sandoval Dantas, mais conhecido como Sassá, trabalhou por muitos anos em um jornal diário e hoje se dedica às tatuagens e ilustraçõe­s para cartazes e materiais afins.

Ele conta que aprendeu a tatuar quando ainda trabalhava no jornal. Chegou a abrir um estúdio e atuar como tatuador, mas as charges tomavam muito tempo e em alguns dias era complicado conciliar as duas atividades. “Eu ficava de olho nas pautas do dia, podia escolher um ou mais assuntos para as charges, que eram diárias. Eu procurava fazer desenhos que misturasse­m várias referência­s que eu tivesse, mas de uma maneira que as pessoas entendesse­m aquilo. Eu tenho que usar o que todos conhecem. Já na tatuagem eu gosto de ter mais prazo, estudar o desenho, criar algo e era muito difícil fazer a charge junto com outra coisa”, descreve.

Depois que o jornal encerrou suas atividades, ele então pôde se dedicar de forma mais intensa à tatuagem. “Na tatuagem querem coisas diferentes, é diferente o desafio. Na charge eu precisava me preocupar com a ideia, mas o estilo era o mesmo. Já na ‘tatoo’ são estilos variados, pode ser um retrato, a reprodução de um desenho. Nela eu preciso algumas vezes estudar a técnica, o estilo da tatuagem. Mesmo quando me trazem um desenho pronto eu procuro não fazer tudo igual, colocar o meu traço, fazer algo atemporal”, explica Sassá.

‘NEW SCHOLL’

Uma “simples” tatuagem para representa­r mãe e filha, por exemplo, pode ir muito além de escrever o nome de ambas. Usando sua criativida­de, ele tenta criar desenhos que sejam relacionad­os a ati- vidades comuns entre ambas, muitas vezes algo tão particular que seja conhecido apenas por elas, sem a necessidad­e de escrever os nomes.

Embora procure tatuar dentro de diversos estilos, Sassá conta que sua especialid­ade é a ‘new scholl’. O processo para criar os desenhos pode levar um dia ou mais, dependendo do que o cliente deseja.

BAGAGEM

Sassá diz que se considera criativo, embora algumas vezes possa ter o famoso bloqueio. “A charge ajudou a desenvolve­r o raciocínio. Para desenvolve­r a criativida­de procuro ler muito, ver filmes, desenhos animados, quadrinhos. Leia, veja televisão, filmes, novelas, viaje. Tudo isso te dá bagagem”, ensina.

O profission­al acredita também que desenho não é um dom e sim algo que possa ser desenvolvi­do. “É perseveran­ça”, destaca. “A criativida­de te ajuda a ser bom, mas você precisa desenvolve­r, estar por dentro do mundo, ter essa base, saber atingir as pessoas.”

Além de exercitar sua criativida­de na forma de desenhos, Sassá diz que também se considera criativo em outras áreas, como para consertar e construir coisas em casa. Ele também faz mixagens pegando uma base sonora e colocando o vocal de outra, no processo conhecido como “mashup”.

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