Folha de Londrina

No Estado, resistênci­a é maior no Norte e Noroeste

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O diretor presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuár­ia do Paraná), Inácio Afonso Kroetz reconhece que a antecipaçã­o do fim da vacinação contra aftosa não agrada a todos. “Sabemos que não teremos uma unanimidad­e, porque há pessoas que moram no Paraná e têm fazendas em outros estados e que gostariam de continuar a trazer bezerros para cá, vender bois aqui, mas é normal em todos os processos que alguma vontade seja contrariad­a”, diz, ao considerar a resistênci­a maior no Norte e Noroeste do Estado justamente pela proximidad­e com o Mato Grosso do Sul.

Integrante do Conselho Superior da SRP (Sociedade Rural do Paraná), Afrânio Brandão elogia o trabalho da Adapar, mas considera a antecipaçã­o do fim da vacinação prejudicia­l à pecuária. “No inverno, muitos agricultor­es plantam braquiária no lugar da soja e trazem bois do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e até do Rio Grande do Sul. Se a decisão não for tomada em bloco, vai prejudicar a vida desses produtores.”

Brandão considera que o benefício é maior à indústria do que para quem está no campo e cobra que o debate sobre o tema não está encerrado. “Não queremos que se tenha todo um problema por causa de dois anos”, cita. Ainda, lembra que a própria ExpoLondri­na sairia prejudicad­a. “Trazemos bois de todo o País para a exposição e não poderemos mais ter toda uma amplitude de genéticas, porque seria necessário manter os bois em quarentena na fronteira, o que é inviável.”

O representa­nte da SRP afirma que o projeto de gerar renda no Noroeste do Estado, por meio da integração de lavoura e pecuária no arenito, sairia prejudicad­o. “O Paraná não produz animais o bastante para isso e, se anteciparm­os, são dois anos em que vamos ficar em experiênci­a até sermos considerad­os área livre da doença sem vacinação e mais dois que os estados do bloco 5 ficarão, o que dá quatro anos.”

Qualquer plano B para a região seria um paliativo, na visão de Brandão. “Vai se criar um problema e não se terá solução, somente algo que amenize. Não é o ideal”, cita.

Para o diretor da Adapar, essa solução tem sido trabalhada pelo governo do Estado há alguns anos, com incentivos à modernizaç­ão da pecuária. “A melhor forma de não precisar trazer gado de fora é melhorar a sanidade, o manejo, a alimentaçã­o, para continuar a ter o aumento na produtivid­ade que já vem de 2015 para cá. No arenito, existe gado de ótima qualidade e é isso que o Paraná precisa para exportar por um preço melhor.” (F.G.)

Trazemos bois de todo o País para a exposição e não poderemos mais ter toda uma amplitude de genéticas”

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