Status gerará mais avanços na cadeia de suínos
Aobtenção do status de área livre da aftosa sem vacinação junto à OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) permitirá ao Paraná o acesso ao mercado comprador de carne suína de 102 países, segundo a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná). Alguns deles estão também entre os principais consumidores e são os que pagam melhor por esse tipo de proteína, como Estados Unidos, União Europeia, Japão e Coreia do Sul. Com isso, a expectativa no Estado é a alavancagem como um todo do setor produtivo.
O presidente da APS (Associação Paranaense de Suinocultores), Jacir Dariva, acredita que as vantagens podem demorar alguns anos, mas aparecerão. “Logo teremos grandes empresas de genética se instalando no Estado para revender para o restante do País, como aconteceu com Santa Catarina”, diz.
Ele considera que as vantagens que os exportadores terão ao conquistar novos clientes terão impacto na remuneração dos criadores. “Quando a indústria vai bem, os produtores vão junto. E teremos a vantagem de colocar nosso produto em um mercado mais exigente, valorizado, com o reconhecimento de que nosso trabalho é de qualidade”, diz Dariva.
O suinocultor paranaense, ainda afirma, sabe que precisa proteger a granja como se fosse a própria casa, mas que é preciso avançar. “Ou acontece aquilo que tivemos coma Rússia, que vetou nossa carne apesar de ser de qualidade”, diz o presidente da APS, sobre embargos passados.
Da mesma forma, o diretor executivo da Frimesa Cooperativa Central, Elias Zydek, espera uma grande virada para toda a cadeia da suinocultura no Estado. “Serão novas opções de escoamento de produtos e de preços mais altos, porque países como Japão e Coreia pagam a mais pela qualidade que exigem”, diz.
Zydek diz que o setor está “ansioso” pelo fim da vacinação contra aftosa e prevê que, em três anos, o Paraná será o maior produtor de carne suína do Brasil. “Hoje exportamos 15% do que produzimos e podemos passar facilmente a 25% assim que a OIE emitir o certificado final, o que deve ocorrer lá por meados de 2020”, diz, ao citar o período necessário sem a imunização. “De US$ 10 milhões exportados ao mês, passaremos a US$ 20 milhões no curto prazo.”
DADOS ECONÔMICOS De acordo com o Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), o Paraná produziu 828 mil toneladas de carne suína em 2017, ou 21,3% das 3,8 milhões de toneladas de todo o País. Santa Catarina, que obteve a certificação para exportar para os Estados Unidos e o Japão em 2013, é responsável por 26,8% do volume, com 1 milhão de toneladas.
Contudo, o rebanho paranaense é o maior, com 7,1 milhões de cabeças, ou 17,8% do total nacional. O estado vizinho é o segundo colocado, com 6,8 milhões, ou 17,2%, segundo o Deral.
Essa diferença ocorre porque existem 62 mil propriedades no Paraná com suínos e apenas 6 mil destas fazem a exploração comercial, segundo a Adapar. O restante é criação para subsistência ou “de fundo de quintal”. “São 800 mil toneladas de carne suína em somente 6 mil propriedades. Para se ter uma ideia, são 20 mil propriedades na avicultura”, diz o diretor presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz.
Na comparação com bovinos, são 182 mil registros de áreas rurais com ao menos uma unidade de gado ou búfalo, cita Kroetz. “O percentual de gado que é transportado entre estados em relação ao rebanho é insignificante, embora saibamos que para quem vive disso significa muita coisa”, completa. (F.G.)