Novo status está logo ali
Mapa espera solução de 'pequenas inconformidades' e Paraná deve retirar vacinação contra aftosa já em 2019 para impulsionar produção de suínos
São “pequenas inconformidades” que separam o Paraná do fim da vacinação contra a febre aftosa já a partir de 2019, segundo nota do dia 5 de outubro do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Ainda que com certa resistência no Norte e Noroeste do Estado, representantes de entidades sanitárias e ligadas à produção de proteína animal consideram como irreversível a antecipação do processo por parte do governo paranaense e veem a medida como importante para confirmar a qualidade e profissionalismo do maior fornecedor de proteína animal do País.
Passar a ser considerado área livre da doença sem vacinação é importante principalmente para abrir mercados no exterior para a carne suína. Países como Japão, Coreia do Sul e parte da Europa não compram esse tipo de produto de nações que façam a imunização em bovinos e bubalinos, porque consideram que é um indício de falta de certeza sobre a existência do vírus.
O Paraná tem o maior plantel de suínos do País, mas oscila entre segundo e terceiro maior produtor dessa carne. Em 2017, exportou 96 mil toneladas de carcaças, segundo o Deral (Departamento de Economia Rural) da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento). Com a abertura de novos mercados, a tendência é mais do que dobrar esse volume e receber um valor maior por quilo, conforme estimativas de empresas do setor.
Para o analista da produção de suínos do Deral, Edmar Gervásio, ainda não é possível prever os efeitos da medida. “O fim da vacinação libera o Estado para abrir novos mercados e isso sempre é positivo”, diz. “Nossa produção vai aumentar nos próximos anos e um caminho natural é a exportação”, completa.
A Frimesa, cooperativa que começou no ano passado a construção da maior planta frigorífica da América Latina em Assis Chateaubriand, no Oeste do Estado, planeja triplicar o abate de suínos para 22 mil cabeças ao dia até 2030. Cenário em que a exportação terá importante papel. “Hoje temos 65% do mercado importador mundial inacessível devido à vacinação e existe condições de que o Estado chegue a 200 mil t exportadas ao ano em pouco tempo só com essa retirada da vacinação”, cita o diretor executivo da empresa, Elias José Zydek.
FALTA RESOLVER Aumentar o quadro de servidores na defesa sanitária e terminar a construção de um dos 33 postos de fiscalização que funcionarão na divisa com outros estados são os dois principais pontos a se resolver, segundo a Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná). As pendências apontadas ainda serão oficializadas pelo Mapa junto ao órgão neste mês, mas já foram descritas após as duas auditorias feitas ao longo do ano.
O Mapa ainda precisará aprovar as providências tomadas pelo Paraná. O diretor presidente da Adapar, Inácio Afonso Kroetz, afirma que desde junho o governo começou a convocar os aprovados no último concurso público para o órgão. Caso sobrem vagas a se preencher, diz que deve ocorrer um novo certame nos próximos meses.
Quanto ao posto de fiscalização, Kroetz afirma que a construção segue o trâmite natural e está em fase de conclusão do projeto. Ele espera que o Paraná retire a vacinação contra aftosa já a partir do próximo calendário, daqui a sete meses.
Assim, o Paraná se antecipará a estados vizinhos que fazem parte do bloco 5 do PNEFA (Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa), que são Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, cuja data limite é 2021. Além de Santa Catarina, que já tem o status de território livre da doença sem vacinação. A retirada da vacinação no ano que vem ocorrerá também no bloco 1 do PNEFA, que inclui Acre, Rondônia, parte do Amazonas e de Mato Grosso.
O fim da vacinação libera o Estado para abrir novos mercados e isso sempre é positivo"