Gargalhada diante da cruz
AEm 1991, uma semana depois da morte de Sobral Pinto, a historiadora Anita Leocádia Prestes, filha de Luís Carlos Prestes e Olga Benário, compareceu à missa de sétimo dia do célebre jurista católico. Lembro-me até hoje das palavras de Anita Leocádia aos repórteres na porta da igreja, depois da missa: “Somos ateus, mas estivemos na missa em respeito à memória do Dr. Sobral”.
Comunista da velha guarda, Anita Leocádia naquele dia manteve alguma honestidade intelectual e pareceu entender o significado da palavra respeito. Seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que a historiadora marxista receber a hóstia consagrada.
Mas os tempos mudaram. Os comunistas de hoje não só comungam, como também utilizam a Casa de Deus como palanque eleitoral. Durante anos, atacam o cristianismo, defendem o aborto, pregam a ideologia de gênero e exigem a soltura de corruptos presos. De repente, estão na igreja, com pose de santinhos, e pedem os votos católicos. E pior: fazem isso durante um feriado católico que gostariam de extinguir - o Dia da Padroeira do Brasil.
Sou católico e para mim a Eucaristia é algo mais do que sério: é o que existe de mais importante na vida. Mesmo que você não creia, peço que faça um exercício mental. Pense na pessoa que você mais ama. Em seguida, pense em alguém profanando o corpo dessa pessoa. Revoltante, não? Pois é exatamente isso que eu sinto quando vejo a comunhão de quem não se arrepende de seus pecados.
S. Tomás de Aquino define a Eucaristia com palavras simples e comovedoras: “Um sacramento admirável e misterioso em que, sob as aparências ou espécies de pão e vinho, dá-se em alimento o corpo e em bebida o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, ali realmente presente em forma sacramental, no mesmo estado de vítima imolada como esteve no Calvário”.
Receber a comunhão sem o necessário arrependimento é imitar aqueles que gargalhavam diante da cruz no momento em que Jesus Cristo agonizava sob a mais terrível tortura imaginável. “Ele salvou a outros e não pode salvar-se a si mesmo! Se é rei de Israel, desça agora da cruz e nós creremos nele!” (Mt 27, 42)
Alguém poderia dizer que Deus perdoa todos os pecados. De fato, Ele perdoa. Mas, para que o perdão exista, é necessário haver o arrependimento e uma completa transformação da alma. O Bom Ladrão se salvou, o Mau Ladrão se perdeu.
Você já viu algum socialista pedindo desculpa pelo mal que fez ao país nos últimos 15 anos? Você já viu algum comunista pedindo perdão pelo genocídio de mais de 100 milhões de pessoas no último século? Os que pediram perdão, Ele já perdoou. Para os que persistem no erro, ainda há tempo. Mas não muito.