Folha de Londrina

Em baixa, Macron anuncia reforma ministeria­l

Presidente promove mudanças para pôr fim à turbulênci­a gerada por demissões de nomes proeminent­es da administra­ção

- Mundo@folhadelon­drina.com.br Lucas Neves Folhapress

Paris -

O governo Emmanuel Macron anunciou nesta terça-feira (16) uma reforma ministeria­l com que pretende pôr fim à turbulênci­a gerada nos últimos meses por demissões de nomes proeminent­es da administra­ção francesa, popularida­de em baixa e um nebuloso episódio envolvendo um chefe de segurança do Palácio do Eliseu.

Haverá trocas de guarda nas pastas do Interior (assumida por Christophe Castaner, homem de confiança de Macron e até aqui secretário de Estado para as Relações com o Parlamento), da Agricultur­a, da Cultura e dos Território­s (espécie de versão local do Ministério da Integração Nacional brasileiro).

A opinião pública francesa aguardava o anúncio da nova equipe havia quase duas semanas, desde a demissão a pedido do então titular do Interior, Gerard Collomb, visto como um dos pilares da “macronia”, como a imprensa local chama essa gestão.

Collomb já tinha sinalizado o desejo de se desligar do governo após as eleições europeias, em maio de 2017, para retornar a Lyon, onde construiu sua carreira e da qual foi prefeito por 16 anos. Ele queria se candidatar novamente em 2020 ao comando da terceira maior cidade francesa.

No começo de outubro, o ministro decidiu adiantar sua saída. Teve um primeiro pedido de demissão negado por Macron, mas insistiu e conseguiu o que pleiteava no dia 3. Antes, em setembro, o presidente já tinha amargado o adeus do ministro da Ecologia, Nicolas Hulot, que anunciara seu desligamen­to ao vivo, em um programa de rádio, sem antes avisar Macron ou o primeiro-ministro, Édouard Philippe.

Hulot era visto como um quadro altamente qualificad­o, e sua presença servia co- mo aceno à esquerda de um governo muitas vezes acusado de assumir um viés conservado­r, apesar de ter sido eleito com votos de centro e do eleitorado progressis­ta.

Para complicar, pouco antes, o jornal “Le Monde” revelara que Alexandre Benalla, um dos chefes de segurança do Eliseu, havia se passado por policial comum para agredir participan­tes de uma manifestaç­ão do Dia do Trabalho, em maio. A falta de transparên­cia da gestão Macron na divulgação do caso e na imposição de medidas disciplina­res contra o funcionári­o público tinha rendido muita dor de cabeça ao entourage do presidente no fim do verão europeu.

O chefe de governo tentou debelar a crise arquitetan­do uma “operação simpatia” durante visita às Antilhas, com farta distribuiç­ão de sorrisos, abraços, beijos e “selfies” nas ruas e dentro das casas de cidadãos comuns. Ali, também tentou desfazer a imagem de arrogante e inacessíve­l, dizendo que precisava da ajuda do povo, dos jornalista­s e dos membros do Legislativ­o para explicar (e emplacar) a agenda de reformas do Executivo, que inclui mudanças na Previdênci­a e no seguro-desemprego, para citar algumas frentes.

De volta a Paris, Macron anunciou investimen­tos vultosos no combate à pobreza e no sistema público de saúde. Por ora, não foi suficiente para fazer subir sua taxa de aprovação, estacionad­a na casa dos 30%.

Chefe de governo tentou melhorar imagem com farta distribuiç­ão de sorrisos, abraços e beijos

 ?? Philippe Lopez/AFP ?? Com o objetivo de reverter a queda de popularida­de, Macron anunciou investimen­tos vultosos no combate à pobreza e no sistema público de saúde
Philippe Lopez/AFP Com o objetivo de reverter a queda de popularida­de, Macron anunciou investimen­tos vultosos no combate à pobreza e no sistema público de saúde
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