Coreia do Norte repatria sul-coreano
São Paulo - A Coreia do Norte repatriou nesta terçafeira (16) um cidadão sulcoreano de 60 anos que, segundo o governo norte-coreano, cruzara ilegalmente a fronteira em setembro.
A medida faz parte de uma série de manifestações de boa vontade entre os dois países. Na segunda (15), os governos promoveram mais um encontro oficial para discutir questões como desarmamento, infraestrutura e ações conjuntas em esporte e cultura.
Foram anunciados planos de conectar os países por ferrovias e rodovias. Tais medidas, porém, dependem da suspensão de sanções internacionais, que proíbem investimentos estrangeiros na Coreia do Norte.
As restrições procuram pressionar pela desnuclearização do país governado por Kim Jong-un - em 2016 e 2017, a ditadura norte-coreana fez uma série de testes nucleares que culminaram com o lançamento do míssil intercontinental Hwasong-15, capaz de atingir os Estados Unidos.
Desde então, Kim passou a afirmar que está disposto a interromper o programa nuclear, já se reuniu com o presidente dos EUA, Donald Trump, e tem participado de encontros internacionais para discutir a redução das hostilidades militares.
As medidas mais avançadas até agora, porém, são os acordos com os sul-coreanos que, segundo a imprensa americana, preocupam Trump. Nas últimas duas semanas, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e ministros de seu governo manifestaram publicamente o desejo de reduzir barreiras contra a Coreia do Norte, levando o presidente norte-americano a declarar que Seul não poderia fazer nada sem sua aprovação.
Para suavizar essas arestas, o Ministério da Unificação sul-coreano afirmou nesta terça que compartilharia com os EUA o resultado de seus encontros com a Coreia do Norte e coordenaria com eles medidas práticas, para evitar conflitos com as sanções em curso.
A repatriação anunciada nesta terça é a segunda de um sul-coreano em 2018. Segundo a mídia asiática, de 2012 a 2017, houve sete devoluções. Ainda há, no entanto, seis cidadãos da Coreia do Sul presos no vizinho do Norte (quatro deles são missionários cristãos).
Em junho, após encontro entre os dois governos, a Coreia do Sul anunciou que as prisões seriam revistas pela gestão Kim. Não houve novas declarações nortecoreanas sobre o assunto, porém. Os dois países vizinhos continuam tecnicamente em guerra - nunca foi assinado um tratado de paz para o conflito militar que se estendeu de 1950 a 1953.
Numa anunciada tentativa para chegar a relações pacíficas, os dois países fizeram também nesta terça a primeira reunião tripartite com Burke Hamilton, secretário da Comissão de Armistício Militar do Comando das Nações Unidas, para discutir formas de desmilitarizar as fronteiras. O encontro, que durou duas horas, aconteceu em Panmunjon, na zona desmilitarizada entre os dois países.
Entre os pontos discutidos estão a retirada até o final deste ano de 11 postos de guarda e o desarmamento da fronteira. Também estão sendo removidas minas terrestres e há planos de começar em abril do próximo ano a procura por restos mortais de soldados desaparecidos desde a guerra dos anos 1950.
À agência Reuters, o chefe do Comando das Nações Unidas, general Vincent Brooks, afirmou estar “encorajado pelo produtivo diálogo trilateral” e anunciou novas reuniões para detalhar e concretizar pontos do acordo.
Apesar dos avanços nas negociações, a maioria dos analistas duvida que a Coreia do Norte desmantele seu programa nuclear. Para eles, as armas são consideradas por Kim a única forma de impedir uma intervenção externa, principalmente americana.