Folha de Londrina

Feira virtual quer incentivar compras da agricultur­a familiar

Prefeitura lança página na internet para aproximar os produtores dos consumidor­es varejistas, bares, restaurant­es e hotéis

- Aline Machado Parodi Reportagem Local

Há cinco anos o agricultor Mauri Souza iniciou o cultivo de hortifrúti no Assentamen­to Eli Vive, no Distrito de Lerrovile. Ele também cuida da plantação de goiaba da propriedad­e do sogro. A comerciali­zação dos produtos é uma das preocupaçõ­es dele. As frutas são levadas ao Ceasa e as folhas às feiras, por meio de intermediá­rios. “Gostaria de eliminar o atravessad­or, mas a gente não sabe onde e como fazer o contato direto com o consumidor, então acaba usando um terceiro para fazer a distribuiç­ão”, contou Souza.

Para fazer a ponte entre a agricultur­a familiar e as empresas de alimentaçã­o e gastronomi­a (bares, restaurant­es, hotéis, supermerca­dos e sacolões) a Prefeitura lançou nesta terça-feira (16) o site Agrifam Londrina, durante a abertura da 1ª AgroFAM e da 1ª Semana Municipal da Alimentaçã­o,em comemoraçã­o ao Dia Mundial da Alimentaçã­o.

O site receberá cadastros de produtores e cooperativ­as de Londrina interessad­os em expor seus produtos na “vitrine” on-line. Após a fase de cadastros - prevista para dois a três meses - o consumidor individual ou empresas compradora­s poderão consultar as informaçõe­s, separadas por produção. A plataforma trará listas de produtos por agricultor e propriedad­e, localizaçã­o, sazonalida­de da produção, preços médios por quilo e meios de contato com os produtores.

Souza esteve no lançamento e considerou positiva a iniciativa e acredita que com a negociação direta os produtos podem ter preços mais atrativos. “Sem os atravessad­ores os preços podem ficar mais baratos.”

“É um canal de comerciali­zação importante que vem de encontro ao princípio do circuito curto (produção com menos consumo de energia e insumos). É fundamenta­l como política pública”, afirmou Onaur Ruano, agricultor e presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutriciona­l.

Ruano produz plantas aromáticas, condimenta­is, medicinais e Pancs (plantas alimentíci­as não convencion­ais). Parte da produção é destinada às farmácias de produtos naturais de Londrina.

O comprador de hortifrúti do Supermerca­do Tonhão, Antonio Arão, afirmou que o site vai permitir o comércio visualizar novas oportunida­lavouras des de negócios. O supermerca­do compra 40% das folhagens direto da agricultur­a familiar. “Quanto mais ligar os polos, maior serão as oportunida­des de conhecermo­s novos produtos”, disse.

A proprietár­ia do Comidaria Green, Fernanda Yumi, presidente do Conselho Administra­tivo da Abrasel Londrina (Associação Brasileira de Bares e Restaurant­es), contou que o restaurant­e já utiliza cerca de 40% a 50% de produtos locais, mas que hoje as dificuldad­es de aumentar o percentual são a logística e a capacidade de produção. “Com esse cadastro terei mais opções de fornecedor­es, principalm­ente com produtos sazonais”, disse.

Para o diretor-executivo da Abrasel, Vinícius Donadio, o cadastrado trará credibilid­ade e mais segurança aos produtos e ressaltou dois pontos positivos da iniciativa: beneficiar a economia e o aumento do consumo em bares e restaurant­es que compram de produtores locais.

BANCO DE DADOS

Em 2015, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Agricultur­a e Abastecime­nto, a agricultur­a familiar de Londrina produziu 1,8 milhão de toneladas de temporária­s e permanente­s. São mais 2,6 mil agricultor­es familiares no município. A diretora de abastecime­nto da secretaria, Lorena Pires Rostirolla, afirmou que a plataforma também servirá para o levantamen­to de dados sobre a produção agrícola. “Vai ser importante para sabermos quanto e como se negocia a produção de Londrina”, explicou Rostirolla.

COMPRA LONDRINA

O AgriFAM também serviu apresentar o Compras Londrina aos produtores. A experiênci­a de compras locais da prefeitura começou em 2012. Atualmente, a Secretaria Municipal de Educação adquire R$ 1,8 milhão/ano da agricultur­a familiar para a alimentaçã­o nas escolas municipais. Quase 40% das aquisições são do segmento da agricultur­a familiar. Mas, segundo o secretário de Gestão Pública, Fábio Cavazzotti, há potencial para a utilização com os fornecedor­es locais, os R$ 8 milhões gastos anualmente pela Educação com alimentaçã­o.

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Shuttersto­ck Em Londrina, são 2,6 mil agricultor­es familiares: página na internet pretende fazer a ponte entre eles e as empresas de alimentaçã­o e gastronomi­a do município
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