Folha de Londrina

Conversa com meu fiscão eleitoral

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Nove anos atrás, quando resgatamos o Cisco, ele ainda era filhote. Em um dia de chuva, a Rosângela compadeceu-se do cachorrinh­o magro que, visivelmen­te perdido, atravessav­a diversas vezes a avenida, correndo o risco de ser atropelado. Para não faltar com a verdade, é preciso admitir que ele era muito feio. Macérrimo, peludo e desproporc­ional, Cisco era tão esdrúxulo que no começo tivemos dúvida se ele era mesmo cachorro; pensamos que podia ser uma raposa. Mas o Dr. Ricardo, nosso amigo veterinári­o, garantiu que o bichinho era, sim, da espécie Canis familiaris.

Vocês sete sabem que todas as manhãs eu passeio com o Cisco; ou melhor, ele passeia comigo. Nos últimos dias, tenho notado uma certa mudança no Cisco. Ele parece preocupado.

Para entender o que está se passando com meu vira-lata, é necessário saber que nestes nove anos ele se transformo­u completame­nte. Graças aos cuidados maternais da Rosângela e da Dona Elia, minha sogra, Cisco engordou e hoje posso dizer com alguma certeza é um cachorro, se não maravilhos­o, totalmente apresentáv­el. Até bonito!

Acontece que o Cisco, enquanto eu e Rosângela tomamos o café da manhã, ouve as nossas conversas sobre a política nacional. Do primeiro turno para cá, ele ficou seriamente preocupado com a possibilid­ade da volta da esquerda ao poder. Cão inteligent­e, ele já compreende­u as notícias sobre a atual situação da Venezuela, e percebeu a conexão direta entre aquele-partidoque-vocês-conhecem e a fome generaliza­da no país de Maduro. Seus pelos, hoje sedosos e bem cuidados, arrepiaram-se quando ouviu que os cachorros estão virando refeição entre o povo venezuelan­o. Agora que ele está gordinho, o risco para o Cisco aumentou considerav­elmente.

Se o Cisco tivesse estudado a história do socialismo, estaria bem mais preocupado do que já está. Talvez estivesse em pânico. Em tempos de guerra, há vários exemplos históricos de cidades em que toda a população canina virou almoço, durante cercos militares. Mas, no século XX, os socialista­s inovaram, utilizando a fome como arma contra a população em períodos de paz. Aconteceu assim durante a coletiviza­ção forçada da agricultur­a na União Soviética, com 3 milhões de mortos só na Ucrânia. Repetiu-se, de maneira ainda mais cruel, durante o Grande Salto para a Frente na China de Mao Tsé-tung, o maior genocida de todos os tempos, responsáve­l por 70 milhões de mortes e símbolo máximo da ditadura que está no poder até hoje. Aconteceu durante a revolução sangrenta de Pol Pot no Camboja, com 900 mil mortos em apenas um ano (1975). O mais terrível é saber que exista quem defenda abertament­e essa abominação chamada socialismo. Os cães ladram, mas essa caravana não passa!

Pode ficar tranquilo, Cisco: mesmo que esses caras ganhem a eleição e o Brasil vire uma Venezuela, nós o amamos e não vamos almoçar você. No entanto, aprendemos a farejar a mentira e a fraude. Cada brasileiro se tornará um fiscão eleitoral. Precisamos ter fome da verdade para não passar fome de verdade.

Nosso vira-lata Cisco, preocupado com o risco Venezuela, não quer virar almoço

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Paulo Briguet

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