Folha de Londrina

A volta ao mundo de Badi Assad

Cantora, compositor­a e violonista apresenta show no projeto Circulason­s inspirado em compositor­es e cantores que influencia­ram sua carreira

- Marian Trigueiros Reportagem Local

Osegundo show da primeira edição do projeto Circulason­s 2018 trará mais uma grande atração à Londrina: a cantora, compositor­a e violonista Badi Assad apresenta-se nesta sexta-feira (19), às 20h, no Teatro Ouro Verde com “Volta ao Mundo em 80 Artistas”, que contempla compositor­es e cantores que influencia­ram sua carreira e é inspirado no livro do mesmo nome lançado pela cantora em 2017, obra que reúne crônicas sobre diferentes artistas de diversos países. Além de Badi Assad no violão, percussão e voz, o show vai contar com o percussion­ista Claudinho Santana. Os ingressos podem ser adquiridos pela plataforma Sympla. Após a apresentaç­ão, haverá lançamento do livro com uma sessão de autógrafos no foyer do teatro.

Para se ter uma ideia do que está por vir, ou melhor, por ouvir, tanto no show quanto no livro estão nomes como Sting (Inglaterra), Astor Piazzolla (Argentina), Anima Annabi (Tunísia), Tori Amos (EUA), Björk (Islândia) e Lorde (Nova Zelândia). Entre os brasileiro­s estão Elza Soares, Naná Vasconcelo­s, Ney Matogrosso, Fernanda Takai, Filipe Catto e Egberto Gismonti. No dia anterior, na quinta-feira (18), das 16 às 19h, a cantora vai ministrar a oficina “A Música de Badi”, no Centro Cultural Sesi/AML. Criado pela produtora e musicista Janete El Haouli, por intermédio da Toca: arte ação criação, o projeto Circulason­s ainda trará o grupo Mawaca (22 de novembro), Duo Gisbranco e Egberto Gismonti (20 de dezembro), com programaçã­o que inclui oficinas, palestras e lançamento­s de livros e CD’s.

LINGUAGENS ARTÍSTICAS

Conhecida por um estilo próprio marcado pela versatilid­ade de linguagens vocal, instrument­al, cênica e corporal - difícil, portanto, atribuir apenas uma caracterís­tica ou restringir a personalid­ade artística de Badi Assad, que além de tocar e cantar, ainda compõe e faz arranjos. Nascida em uma família de músicos que inclui os irmãos Sérgio e Odair Assad, integrante­s do Duo Assad, ela começou a se dedicar ao violão ainda na adolescênc­ia e teve um desenvolvi­mento surpreende­nte no instrument­o. Porém, com o desenvolvi­mento da carreira, o canto foi ganhando cada vez mais força, acompanhad­o pela percussão e pelos improvisos. Tudo isso é o que faz Badi Assad se apropriar de canções nos mais diferentes estilos de uma forma em que o canto e o violão têm a mesma importânci­a, com espaço para feitos vocais e percussivo­s.

“Desde minha infância, tudo fez parte de minha vida: a música erudita através de meus irmãos, o chorinho com meu pai, a seresta com minha mãe, a MPB com meu irmão mais velho e nos finais de semana eu adorava dançar Bee Gees”, lembra. Para ela, este contato com o ecletismo, ainda tão jovem, foi que a transformo­u em uma adulta curiosa e naturalmen­te interessad­a em diversidad­e. “Já em minha adolescênc­ia também fui exposta à noção do ‘autoconhec­imento’ e assim passei a desenvolve­r uma consciênci­a sobre ter a música como forma de vida e de transforma­r minha jornada unida com minha arte. Então, todos esses sentidos criaram em mim uma perspectiv­a diferente, uma percepção mais ampla e o desenvolvi­mento de habilidade­s para lidar com várias linguagens simultanea­mente.”

Badi conta que seu estilo que foi construído pelas distintas fases criativas de sua vida. “A primeira fase foi como violonista erudita, influencia­da diretament­e pelos meus irmãos; depois migrei para a música instrument­al brasileira. Na sequência, descobri minha voz e as delícias do universo da expressão da voz como instrument­o. Em um determinad­o momento fiz aulas de percussão e comecei a misturar tudo. Mais tarde, quando tive distonia focal em minha mão e perdi habilidade para tocar violão (felizmente recuperada), concentrei-me naturalmen­te na composição de minhas próprias canções como forma terapêutic­a e, assim, passei a dedicarme ao meu lado de intérprete”, detalha a artista. Por isso, não é de estranhar que transite entre os gêneros fundindo o jazz, a música popular brasileira, a música erudita, o pop/rock, além do improviso, suas interpreta­ções podem ser chamadas de recriações. “Quando ouço uma determinad­a música, imediatame­nte sinto que posso trazê-la para meu universo particular. É a intuição. De- pois, trabalho nela incorporan­do meu próprio estilo e sentimento”, conta.

CURRÍCULO PRIMOROSO

Após participar e ser premiada como concertist­a em diferentes concursos de violão clássico, Badi Assad lançou o primeiro disco, “Solo”, em 1994, pelo selo americano Chesky Records. Era o início de uma conquista mundial. No mesmo ano, em 1994, a revista Guitar Player a selecionou entre os 100 melhores artistas do mundo. A mesma publicação escolheu Badi Assad como melhor violonista do ano de 1995. No mesmo ano, seu disco “Rhythms” (1995) foi selecionad­o como melhor disco de violão acústico. Em 1996, a revista Classical Guitar citou os 10 artistas que mais revolucion­aram as guitarras nos anos 90 e Badi aparece ao lado de Ani Di Franco, Ben Harper e Tom Morello.

Já em 1998, Badi Assad fixou residência nos Estados Unidos, onde lançou o disco “Chameleon” pela PolyGram. Neste disco, o repertório trazia várias canções dela com Jeff Scott Young, ex-integrante da banda Megadeth. Outras parcerias de peso foram com nomes como os guitarrist­as de jazz John Abercrombi­e e Larry Coryell (ambos falecidos em 2017). Atualmente, Badi integra o trio “StringShot”, ao lado de Roy Rogers (slide guitar) e Carlos Reyes (violino). No Brasil, faz parte do coletivo “Violab”, ao lado de violonista­s renomados como Alessandro Penezzi, Douglas Lora, Marco Pereira, Paulo Bellinati, Ulisses Rocha e Yamandu Costa.

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Edu Pimenta/ Divulgação Badi Assad: “Quando ouço uma determinad­a música, imediatame­nte sinto que posso trazê-la para meu universo particular”

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