Folha de Londrina

BRF tenta acordo de leniência em investigaç­ões da Carne Fraca

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Brasília - Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF iniciou tratativas para um acordo de leniência com o MPF (Ministério Público Federal) e o Ministério da Transparên­cia e Controlado­ria-Geral da União (CGU).

As negociaçõe­s envolvem crimes investigad­os na Operação Carne Fraca, deflagrada no ano passado pela Polícia Federal, que apontou pagamento de propinas a servidores do Ministério da Agricultur­a por alguns dos maiores frigorífic­os do país, em troca de facilidade­s diversas.

Dezenas de investigad­os, entre eles funcionári­os públicos e executivos das empresas, incluindo a BRF, foram indiciados por corrupção, crimes contra a ordem econômica e falsificaç­ão de produtos alimentíci­os, entre outros crimes.

A proposta da BRF é a de detalhar os principais esquemas citados em relatórios da PF; as comissões para tratar do acordo estão sendo formadas

A operação teve forte impacto sobre o setor, afetando em alguns momentos as exportaçõe­s brasileira­s, em razão de suspeitas sobre a eficiência do controle sanitário dos produtos.

Espécie de delação premiada para pessoas jurídicas, a leniência permite que empresas envolvidas em esquemas ilícitos se livrem de multas e da declaração de inidoneida­de, sanção que impede a participaç­ão em licitações abertas pelo governo federal e a obtenção de crédito em bancos públicos.

Em troca, elas têm de colaborar com as investigaç­ões, revelar fatos novos, desconheci­dos pelas autoridade­s, e ressarcir integralme­nte os eventuais danos causados ao erário.

A informação sobre a tentativa de acordo foi divulgada pelo “Valor Econômico” nesta quarta (17) e confirmada pela Folha de S.Paulo com pessoas que têm acesso às negociaçõe­s.

As comissões para tratar do acordo com representa­ntes da BRF estão sendo formadas. A concessão dos benefícios dependerá do sucesso dessas conversas.

No caso da Lava Jato, o entendimen­to com algumas empreiteir­as levou anos para se concretiza­r.

A proposta da BRF é a de detalhar os principais esquemas citados em relatórios da PF, entre eles o pagamento de propinas a fiscais da Agricultur­a para facilitar o licenciame­nto de frigorífic­os e para conseguir a edição de nor- mas que facilitass­em suas exportaçõe­s.

Em março deste ano, outra frente de investigaç­ão da Carne Fraca, denominada Operação Trapaça, apurou fraudes em análises laboratori­ais dos produtos comerciali­zados e a apresentaç­ão de dados falsos ao Ministério da Agricultur­a.

Na última segunda (15), a PF indiciou 41 pessoas por participar desse suposto esquema, entre elas o empresário Abilio Diniz, acionista e ex-presidente do Conselho de Administra­ção da BRF, e o ex-diretor-presidente do grupo Pedro de Andrade Faria. Eles são suspeitos de cometer crimes contra a saúde pública, estelionat­o, falsidade ideológica e organizaçã­o criminosa.

A BRF não se pronunciou sobre a tentativa de um acordo de leniência. Informou apenas que colabora com as autoridade­s competente­s. A CGU não se manifestou.

A assessoria de Abilio Diniz sustenta que que o empresário não cometeu nenhuma irregulari­dade na BRF. Já a BRF alega estar colaborand­o com os investigad­ores e que afastou preventiva­mente seus funcionári­os sob suspeita.

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LucasMT/Shuttersto­ck A proposta da BRF é a de detalhar os principais esquemas citados em relatórios da PF; as comissões para tratar do acordo estão sendo formadas

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