Brasil engatinha em uso de armazéns na fazenda
Apenas 15% da armazenagem de grãos é feita em fazendas no Brasil, de acordo com dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). O baixo índice contrasta com o de outros grandes produtores de grãos mundiais, como Canadá (80%), Estados Unidos (65%) e Argentina (40%).
O governo federal chegou a lançar no passado o PCA (Programa para Construção e Ampliação de Armazéns), por meio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), com juros abaixo do mercado. No entanto, o uso não chegou a decolar.
A professora e pesquisadora da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) Solenir Ruffato defende que uma das soluções para aumentar a receita é fazer a armazenagem na fazenda. “O produtor precisa entender que ele não é um produtor rural, mas um empresário agrícola. Ele não tem uma fazenda, mas uma empresa agrícola. Nunca teremos uma solução 100% favorável, mas talvez isso diminua esse caos no País em termos de volume de armazenagem.”
Ela afirma que, quando um agricultor brasileiro tem um produto de alto valor agregado em mãos, corre para entregar para uma empresa por receio de ter perda de qualidade. Assim, nem sempre consegue o melhor negócio e chega até mesmo a ter pesos e medidas diferentes em relação ao maquinário, por exemplo. “O grande produtor da minha região costuma perguntar qual é o maior trator, a maior semeadora, e encomenda logo várias. Quando falamos de ele adquirir uma unidade armazenadora, a reação dele é de susto, porque só olha cifras e não visualiza como investimento. E a depreciação de uma estrutura dessas é muito menor do que a de uma máquina.”
O presidente da Abrapós (Associação Brasileira de PósColheita), Marcelo Alvares de Oliveira, faz apenas um alerta. “Tenho um pouco de receio, mesmo sendo interessante ter o armazenamento em fazenda. É preciso aumentar, mas com mais treinamento e contratação de profissionais que conheçam a armazenagem para evitar perdas.”
SILOS-BOLSA
Por outro lado, tem aumentado no País, principalmente na região Centro-Oeste, o uso de silos-bolsa, uma alternativa mais barata do que os tradicionais armazéns estáticos. Criado no Canadá na década de 1990, o custo do sistema é cerca de dez vezes menor do que a de uma estrutura fixa, mas não é o mais adequado para todos os casos.
A professora da UFMT afirma que o preço por um silo-