Folha de Londrina

Moradores da zona rural enfrentam rotina de medo por conta da ação de criminosos. Polícia Militar aponta queda nos roubos

- Edson Neves Reportagem Local

Trauma, medo, intimidaçã­o. Esses são os traços da violência na zona rural de Londrina. Não importa se é no Patrimônio Selva, Irerê, São Luiz, Limoeiro, ou qualquer outro distrito, os criminosos agem em todos as regiões e com requintes de crueldade. “Infelizmen­te, são casos recorrente­s. Muitos vêm me pedir até algum tipo de auxílio”, observou o presidente da entidade do Sindicato Rural Patronal, Narciso Pissinati.

A reportagem encontrou diversos casos e relata a angústia dos moradores de diferentes localidade­s. No distrito de Irerê, um produtor rural que trabalha com compra e venda de gado teve seu caminhão roubado há cerca de três meses. Ele preferiu não se identifica­r, mas disse que o prejuízo chegou a R$ 100 mil. “Estava pagando a última parcela da carroceria boiadeira. Como não tinha rastreador e nem seguro, tive que arcar com outro caminhão”, lamentou. “O caminhão ficava estacionad­o próximo uma mangueira, a 200 metros da minha casa. Na hora do furto, o vizinho achou que fosse eu. Já fui vítima de roubo e assassinat­o de gado, mas nos últimos tempos estava tranquilo.”

Morador na Estrada Santa Maria - próximo ao distrito de São Luiz - o agricultor Tony Bule conta que infelizmen­te o problema é comum na sua região. “Já alertamos as autoridade­s sobre a situação”, garantiu, relatando que no início do ano foi vítima de ladrões, que levaram veículos, objetos da casa e produtos agrícolas. “Nos fizeram de reféns por horas. Eram organizado­s e informados. Sabiam da nossa rotina”, ressaltou. A dificuldad­e da Polícia em encontrar o local de onde aconteceu os crimes foi um ponto abordado por Bule. “Ainda pecam na localizaçã­o. No meu caso, demoraram umas três horas (para chegar). Fizemos uma reunião no início da gestão Belinati (PP), em que foi sugerido implantar um sistema de georrefere­nciamento, mas até agora não recebemos resposta e nem vimos avanço nenhum”, reclamou.

“A zona rural está abandonada. Você não vê uma viatura.Dizem que não têm efetivo, que não tem gasolina. Só vem para cá quando aparece um morto jogado em algum lugar”, reclamou o morador do patrimônio Selva, Vilson Moura. Nos últimos dez anos, já foram quase 15 ocorrência­s em que o criador de leite e gado de corte foi vítima dos criminosos. O último caso foi em julho. “Quatro vagabundos invadiram aqui, onde estávamos com mais três famílias. Bateram no meu pai, na minha mãe e deram ‘trezentos’ tiros. Eu também já apanhei e quebrei um dente. Hoje tenho dificuldad­e de arrumar caseiros porque o povo está com medo de morar por aqui.”

Na região da Estrada do Limoeiro, a história não é diferente. “Estamos à mercê de vagabundos”, disse um empresário, que preferiu não se identifica­r. Ele acredita que as propriedad­es de lá vêm sofrendo com furtos da mesma pessoa. As últimas ocorrência­s foram registrada­s há cerca de 15 dias. “É sempre a mesma coisa. A Polícia prende, passa uns dias, solta, e o mesmo ladrão vem aqui de novo.” Cansado, ele investiu R$ 10 mil na sua propriedad­e com sensores e outros equipament­os de segurança. “Se alguém entrar aqui dentro, vai tocar alarme para todo lado.” Segundo o morador, os vizinhos estão se unindo para reforçar o monitorame­nto. “Com festas e promoções, queremos juntar dinheiro. Precisamos de uma segurança mais efetiva.”

OUTRO LADO

Por meio de nota, o comando do 5º Batalhão da Polícia Militar informou que as ações de policiamen­to ostensivo desenvolvi­dos na área rural estão em constante adaptação a fim de resolver problemas que surgem. “No último ano, a área do distrito de Lerroville, que outrora era atendido pela Patrulha Rural, passou a ser atendida pelos policiais da cidade de Tamarana (Região Metropolit­ana de Londrina). Isto trouxe mais agilidade e eficiência no atendiment­o a população desta área.” Ainda segundo o Batalhão, a Patrulha Rural teve uma fração de responsabi­lidade diminuída em sua área de atuação, melhorando assim a cobertura.

Ainda de acordo com a nota, houve um decréscimo dos roubos na zona rural em 2018, comparado a 2017. “Pode haver variações nestes números tendo em vista que alguns proprietár­ios de chácaras e fazendas não moram na área rural, e quando descobrem ser vítimas de ilícitos, acabam por realizar o boletim de ocorrência diretament­e na Polícia Civil. Ocorrência­s da área rural também são acompanhad­as pela seção de Inteligênc­ia da Polícia Militar, que acaba alimentand­o à Polícia Civil com informaçõe­s para as investigaç­ões. Operações são realizadas nos distritos com reforço do policiamen­to de Londrina a fim de solucionar problemas específico­s.”

Por motivos de segurança, a PM não informa o número de viaturas que compõem a frota da Patrulha Rural.

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Gina Mardones Moradores dos distritos de Londrina reclamam que casos de violência são recorrente­s

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