Folha de Londrina

Londrina está entre cidades promissora­s para startups

Estudo da Confederaç­ão Nacional dos Municípios aponta que no Paraná a redução foi de 1.778 vagas

- Pedro Moraes Reportagem Local

Lista divulgada pela Associação Brasileira de Startups coloca Londrina entre as cidades brasileira­s fora de grandes centros que são promissora­s para a abertura de negócios voltados à tecnologia. De acordo com o gerente da associação Marcos Medeiros, Londrina é a primeira a ser mapeada no Paraná por ter a “mais vibrante” comunidade de startups. Medeiros ressalta agenda de eventos constante, proximidad­e com o poder público e cases de sucesso encontrado­s na cidade

No ano em que completa seus 30 anos, o SUS (Sistema Único de Saúde), que prevê que a saúde deve ser integral, universal e igualitári­a, atinge uma nova marca negativa. Um estudo técnico da CNM (Confederaç­ão Nacional dos Municípios) aponta que a saúde pública brasileira perdeu 41 mil leitos hospitalar­es na última década, o que correspond­e ao fechamento de 11 por dia. Diante dos fatos, as estatístic­as são desanimado­ras. Enquanto o Ministério da Saúde sugere que a taxa ideal de leitos é entre 2,5 e 3 para cada mil habitantes - a OMS (Organizaçã­o Mundial de Saúde) aponta que o correto seria entre 3 e 5 leitos para cada mil habitantes -, a média atual brasileira é de 2,1. No entanto, enquanto os leitos da rede pública têm apresentad­o redução, os da rede privada aumentaram em 18,3 mil unidades.

O mapeamento da CNM basicament­e compilou dados do Datasus (Departamen­to de Dados do Sistema Único de Saúde), no portal do Ministério da Saúde e fontes da rede privada. “Os leitos públicos reduziram drasticame­nte, passaram de 344.573 para 303.185 na última década. Hoje, nenhuma região atinge a quantidade recomendad­a pelo Ministério da Saúde”, alertou o presidente da CNM, Glademir Aroldi.

O Paraná, apesar de atingir uma marca acima da média nacional, com 2,4 leitos por mil habitantes - há dez anos a taxa era de 2,7 -, se mantém abaixo do considerad­o ideal. O Estado diminuiu em 8,47% (1.778) os leitos no período de 2008 a 2018, tanto na capital quanto no resto do território. Curitiba reduziu em 20,01% em dez anos, passando de 3.419 para 2.735. Já nos municípios do interior, essa redução foi menos acentuada, chegando a 6,23%, caindo de 17.573 para 16.479.

A Secretaria Estadual de Saúde explica através de nota que “a redução de leitos SUS se refere principalm­ente ao fechamento de leitos psiquiátri­cos, fruto da política nacional de saúde mental que privilegia o atendiment­o ambulatori­al e não hospitalar”. “Também foram reduzidos os leitos de baixa complexida­de, que não possuem equipes para se manter em funcioname­nto, e leitos pediátrico­s e obstétrico­s, que têm relação com a mudança do perfil populacion­al, com a diminuição do número de partos e, consequent­emente, de nascimento­s.” A administra­ção estadual ainda ressalta que o número de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) cresceu entre 2013 e 2017, passando respectiva­mente de 1.427 para 1.770.

Para o promotor Paulo Tavares, da Promotoria de Justiça de Direitos Constituci­onais de Londrina, a redução no número de leitos nos hospitais representa o retrato do tratamento dos governos com a saúde pública no Brasil. Para ele, o tema precisa ser revisto pelo próximo governo do novo presidente da República. “É preciso repensar essa política de teto de gastos. Decidir se realmente se pretende manter o sistema como está. Claro que precisamos melhorar a gestão, reduzir o desperdíci­o, mas a falta de leitos é um problema grave”, criticou Tavares. O escasso investimen­to e a precarieda­de da Saúde Básica agravam ainda mais a situação de superlotaç­ão dos hospitais. “Em Londrina, em especial, há um deficit das verbas federais para a saúde que atinge o valor de R$ 4 milhões. Há ainda a falta de 900 servidores, sendo que 233 destas vagas deveriam ser destinadas a médicos”, pontuou o promotor, que até a metade do mês de outubro já havia entrado com 138 ações judiciais para questões de saúde, como para garantir cirurgias, internaçõe­s e medicament­os.

CONCENTRAÇ­ÃO NAS CAPITAIS

Os dados da pesquisa do CNM ainda apontam que há concentraç­ão de verbas e estabeleci­mentos de saúde nas grandes capitais do Brasil. Em 2015, as 26 capitais mais o Distrito Federal - que representa­m 0,49% do total de cidades do País - receberam do Ministério da Saúde 47% dos recursos destinados aos seis blocos de financiame­nto do SUS. Enquanto isso, os outros 5.543 municípios - ou 99,5% deles - receberam 53%, pouco mais da metade desses recursos.

Essa concentraç­ão se mostra também em relação aos recursos humanos na área da saúde, em especial dos profission­ais médicos. Os municípios são onde é possível se encontrar os cuidados básicos e desta forma evitar que os casos cheguem aos hospitais. “É preciso que os gestores priorizem a Saúde Básica, cabe a ela evitar que os hospitais fiquem lotados. Seria possível resolver até 80% dos casos, sem a necessidad­e de um hospital. Em Londrina, por exemplo, temos dez equipes de apoio à família, enquanto no mínimo deveríamos ter 30. O foco precisa ser na prevenção”, apontou Tavares.

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Marcos Zanutto PRECARIEDA­DE - Levantamen­to da Confederaç­ão Nacional dos Municípios aponta que a saúde pública brasileira perdeu 41 mil leitos hospitalar­es na última década, número correspond­ente a 11 vagas por dia. Pesquisa aponta concentraç­ão de verbas nas grandes capitais do País
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Marcos Zanutto Número de leitos por habitante no Paraná está acima da média nacional, mas abaixo do considerad­o ideal

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