Folha de Londrina

Desnaciona­lização de empresas avança no Brasil

- Renée Pereira

São Paulo - Nos últimos cinco anos, quase 400 empresas brasileira­s passaram para as mãos de estrangeir­os no País. Eles desembolsa­ram R$ 133 bilhões nesse

período para comprar participaç­ões em companhias nacionais. O movimento vem crescendo desde 2014, mas ganhou destaque no ano passado, quando as transações envolvendo capital externo avançaram 40% - de 75, em 2016, para 108, mostra reportagem da edição desta segunda-feira(22) do jornal O Estado de S. Paulo.

Neste ano, a expectativ­a é que, definido o cenário eleitoral na próxima semana,

novas operações sejam anunciadas, elevando ainda mais a presença de grupos internacio­nais no País. Na lista de anúncios esperados, estão operações envolvendo duas gigantes nacionais: Embraer e Braskem.

Os números - levantados pela Transactio­nal Track Record (TTR), que acompanha o volume de fusões e aquisições no mundo - refletem o cenário econômico nacional e externo. Enquanto o Brasil

patina na retomada da economia, com empresas em dificuldad­e e real desvaloriz­ado, o mundo vive uma onda de elevada liquidez. Isso fez os ativos brasileiro­s virarem alvo de estrangeir­os, que veem o Brasil como um mercado consumidor importante.

“Estamos com limite de poupança interna e o mundo tem capital em abundância. Esses recursos que vêm do exterior são até necessário­s para que as empresas continuem

operando”, afirma o professor do Insper, Sérgio Lazzarini, autor do livro Capitalism­o de Laços - Os donos do Brasil e suas conexões.

Ele lembra que empresas importante­s para a economia brasileira caíram na Lava Jato e foram obrigadas a vender ativos para pagar dívidas e reforçar o caixa - a exemplo de Odebrecht que se desfez de vários negócios, como a Odebrecht Ambiental, vendida para a canadense

Brookfield. “Na recessão, quem tinha dinheiro para marcar território eram os estrangeir­os.”

Os americanos, chineses e franceses foram os que mais se aproveitar­am dessa fase de “Brasil barato”, segundo o levantamen­to da TTR, feito a pedido do jornal O Estado de S. Paulo. No ranking por número de transações, os EUA fecharam 75 operações entre 2014 e 2018; China, 23; e França, 22.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil