Folha de Londrina

Raquel Dodge pede ao STF cassação do HC que soltou Pepe Richa

Procurador­a-geral sustenta que decisão de Gilmar Mendes partiu de premissa “absolutame­nte equivocada”

-

São Paulo - A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, pediu a cassação do habeas corpus que revogou a prisão temporária de José Richa Filho, o Pepe Richa, irmão do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB). Em recurso enviado na última sexta-feira (19), a procurador­a pede que o relator do caso no STF, ministro Gilmar Mendes, reconsider­e a decisão ou remeta o caso para julgamento da Segunda Turma do Supremo.

Pepe Richa, ex-secretário de Infraestru­tura e Logística do governo tucano, havia sido preso em 26 de setembro no âmbito da Operação Integração II, fase 55 da Operação Lava Jato, que investiga suspeita de corrupção na concessão de rodovias no Paraná. As informaçõe­s foram divulgadas pela Secretaria de Comunicaçã­o Social da Procurador­ia.

Para Raquel Dodge, a medida partiu de premissa “absolutame­nte equivocada”. Gilmar Mendes aceitou a argumentaç­ão da defesa de que os fatos investigad­os são os mesmos da Operação Radiopatru­lha, no âmbito da qual o próprio ministro já havia dado habeas aos irmãos Richa - o próprio Beto Richa também foi preso em setembro e solto por Mendes.

A alegação é que havia a chamada “decisão paradigma”, que deveria ser seguida. No entanto, o entendimen­to da procurador­a-geral é que, apesar de envolver personagen­s em comum, estas são investigaç­ões distintas. “Embora tenham ocorrido de modo paralelo no tempo, as operações Radiopatru­lha e Integração II, de âmbitos estadual e federal, respectiva­mente, não guardam qualquer relação investigat­iva entre si, justamente por terem por objeto fatos completame­nte distintos”, esclareceu Raquel Dodge.

A procurador­a-geral citou todos os pontos destacados pelo juiz da 23ª Vara Federal no Paraná, que motivaram a conversão da prisão temporária de Pepe Richa em preventiva. Apontou, ainda, as ocorrência­s que levaram o magistrado estadual a decretar as prisões.

Ao final da análise comparativ­a, Raquel Dodge disse que é “inequívoca” a conclusão de que os fatos apurados são completame­nte diferentes. De acordo com a procurador­a, a admissão do HC significa dar decisão paradigma ao alcance de blindar Pepe Richa contra novas prisões cautelares decretadas por outros juízes do País com base em novas situações criminosas

ATALHO

No documento, a procurador­a argumentou ainda que, com o recurso apresentad­o, Pepe Richa “pretendeu, na verdade, buscar um atalho e submeteu a análise da legalidade do seu decreto de prisão diretament­e ao STF e, especifica­mente, ao ministro Gilmar Medes”

Além disso, a avaliação é de que a concessão de HC de ofício para favorecer José Richa representa “flagrante burla às normas procedimen­tais previstas na Constituiç­ão e nas leis, e à distribuiç­ão de competênci­as, consistind­o, acima de tudo, em indevida supressão de instâncias”.

Mesmo que o Supremo tivesse competênci­a para o caso, Raquel Dodge assinala que “o réu não poderia simplesmen­te escolher o ministro”. “A reclamação deveria ter sido recebida como habeas corpus e distribuíd­a aleatoriam­ente entre os diversos ministros do Tribunal, de modo a preservar o princípio constituci­onal do juiz natural”, reforçou Raquel.

A procurador­a-geral pede para que, pelos mesmos motivos apresentad­os, sejam reformadas as decisões relativas a outros envolvidos na operação Integração IIJoão Marafon Júnior, João Chimanazzo Neto e Luiz Fernando Wolf.

 ?? Arquivo Folha ?? Ex-secretário estadual de Beto Richa, Pepe foi preso na Operação Integração 2 e, junto com o irmão, chegou a ser detido na Operação Radiopatru­lha
Arquivo Folha Ex-secretário estadual de Beto Richa, Pepe foi preso na Operação Integração 2 e, junto com o irmão, chegou a ser detido na Operação Radiopatru­lha

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil