Projeto ‘Lavando a Alma’ beneficia crianças
Um sorriso espontâneo e sincero. Afinal de contas, ver o reflexo no espelho de cara limpa, roupas novas e cabelo penteado é sinônimo de alegria para as crianças que vivem no assentamento São Jorge, na zona norte de Londrina. “Eu gosto. É bom tomar banho aqui porque eu também ganho roupas e tênis”, diz o garoto Pedro Augusto Martins, 10, uma das crianças beneficiadas pelo o projeto “Lavando a Alma”, do Centro Espírita Auta de Souza. A cada fim de semana, cerca de 20 crianças tomam banho, vestem roupas novas e recebem um creme à base de arruda nos cabelos para eliminar piolhos.
Mas a fila é grande. Pelo menos 53 crianças estão cadastradas no projeto, com autorização dos responsáveis, para tomar banho. “Contamos somente com um local de banho e um chuveiro. O ideal seria atender todos a cada sábado, pois muitos aqui só tomam banho nessa ocasião”, conta a bancária Patrícia Diniz, uma das voluntárias.
Em julho de 2018, a FOLHA contou a história de famílias que vivem nas cerca de 60 ocupações irregulares em Londrina sem saneamento básico. O assentamento São Jorge é um deles. São aproximadamente duas mil famílias instaladas em barracos improvisados, muitos sem privadas e nem chuveiros. A maioria conta com a água de uma torneira coletiva e cava buracos na terra para despejar os dejetos do banheiro.
Para Diniz, a iniciativa não é só de ordem de saúde, mas de resgate da identidade. “A gente está dando a oportunidade delas se olharem no espelho, de banho tomado e cabelo penteado. Elas passam a entender que são merecedoras desses cuidados básicos. Muitas delas vivem em locais onde não há sequer banheiro e, por isso, acabam tomar banho em chuveiro somente aqui”, revela.