Inércia institucional
Uma das formas mais comuns de morte da democracia é a inércia institucional. Se houve efetivamente o disparo em massa de fake news, não importa em favor de que candidato, a obrigação da autoridade não é ficar discutindo doutrina a respeito, mas a de agir e isso com a máxima presteza. Assim também o caso do militar da reserva que agrediu a presidente do TSE: o desforço incontinenti é a investigação e o processamento do caluniador. Aplica-se o mesmo conceito ao candidato do PT, Fernando Haddad, ao assimilar de forma leviana o informe, logo depois desmentido, de que o vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, teria sido torturador na ditadura.
O clima psicossocial do radicalismo em si não justifica qualquer tipo de ação temerária que deve ser cobrada na hora. O Judiciário reagiu depois de um momento de perplexidade e pasmo e ouviu do ministro da Segurança Raul Jugmann que se o poder desejasse colocaria a Polícia Federal a serviço das apurações.
É evidente que vivemos um momento de bravatas - como aquela estória de que bastariam um soldado e um cabo para fechar um tribunal, dispensando-se o jipe -, mas depois de um Trump, e isso na maior democracia do mundo, ficou difícil separar o normal do absurdo, como se vê agora na marcha de migrantes que não é detida pelo alarme do maior sistema bélico.
Instituições não têm prazo de validade como bula de remédio, e o exercício de suas funções é que garante a sua condição permanente no tempo e no espaço.