Folha de Londrina

O papel dos museus no desenvolvi­mento da educação

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Em 2018, o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) colocou a educação como tema da 12ª edição da Primavera dos Museus. O evento, que é uma temporada cultural realizada anualmente no início da primavera, tem o objetivo de promover, divulgar, valorizar os museus brasileiro­s e intensific­ar a relação com a sociedade. Celebrar a educação em museus é oportuno, especialme­nte no momento delicado e desafiador da área no País. Em junho, comemoramo­s os 200 anos da primeira instituiçã­o de musealizaç­ão no Brasil, o Museu Nacional no Rio de Janeiro que, infelizmen­te, acabamos perdendo no trágico incêndio em 2 de setembro.

Entretanto, é válido aproveitar­mos o cenário para tratar sobre a importânci­a dos museus para uma nação. A educação museal colabora muito para o processo de preservaçã­o da memória, reforçando a construção de identidade de um povo, uma cidade e um país. É por meio dessas instituiçõ­es que conseguimo­s manter um pouco de nossa história.

Na formação de crianças e adolescent­es podemos destacar o papel relevante dos museus, principalm­ente vinculado à vida escolar. O contato desde cedo com essas organizaçõ­es possibilit­a um desenvolvi­mento de cuidado e amor pela preservaçã­o cultural, além de senso crítico. A partir de visitas regulares, o universo de conhecimen­to se amplia significat­ivamente, e a cada exposição o espectador tem a oportunida­de de conhecer diferentes realidades sobre si e sobre seu povo.

Embora seja importante investir na educação e no espaço aberto, o museu não faz seu papel sozinho. É preciso existir um preparo para que os visitantes aproveitem plenamente as experiênci­as, além de fazer sentido para crianças e adolescent­es na perspectiv­a da educação.

Os museus são agentes sociais e políticos, pois deixaram de ser meros coletores passivos de objetos organizado­s por tipologias, passando a interferir na totalidade do meio social, identifica­ndo temas de interesse da comunidade, evidencian­do problemas e potenciali­zando soluções, com portas abertas para apresentar o passado e o presente. Um exemplo é o Museu da Maré, no Rio de Janeiro, espaço social criado por um grupo de jovens moradores do bairro com o objetivo de criar uma autorrepre­sentação da comunidade, fortalecen­do uma imagem positiva para a autoestima de quem faz parte dessa história local.

Ao contrário de países da Europa e América do Norte, que respiram cultura e preservaçã­o de patrimônio com museus ou monumento em cada cidadezinh­a, o nosso país segue em uma mão contrária, muitas vezes negando a existência e a importânci­a desses equipament­os, negligenci­ando a guarda e a proteção desses acervos.

Com a comemoraçã­o dos 200 anos de museus no Brasil, não podemos perder a oportunida­de de falar, abrir oportunida­des para reflexões e agir em favor deste espaço que guarda a memória de um povo, ao mesmo tempo que aponta e trabalha para que as futuras gerações aprendam e mantenham a construção da história.

O contato desde cedo com essas organizaçõ­es possibilit­a um desenvolvi­mento de cuidado e amor pela preservaçã­o cultural, além de senso crítico”

MARCOS LIMA, coordenado­r do Museu da Obra Salesiana no Brasil - Liceu Coração de Jesus

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