PF pede ao WhatsApp números que dispararam mensagens em massa
Brasília São Paulo -
e A Polícia Federal quer saber de que números de telefone e de que dispositivos partiram os disparos de mensagens em massa durante a eleição por meio do WhatsApp.
A PF enviou nesta semana um ofício para a empresa requisitando essas e outras informações, inclusive o conteúdo do material transmitido pelo aplicativo. A polícia quer identificar, por exemplo, se as mensagens eram negativas ou positivas em relação aos candidatos.
Um inquérito foi instaurado após reportagem da Folha de S.Paulo revelar a atuação de empresários apoiadores de Jair Bolsonaro, candidato do PSL à Presidência, na compra de pacotes de mensagens para disseminar material antipetista (Fernando Haddad, do PT, é o adversário de Bolsonaro no segundo turno). A prática é ilegal e tornou-se também alvo de investigações no âmbito da Justiça Eleitoral.
Nos bastidores, a polícia se diz pessimista sobre o tipo de ajuda que o WhatsApp poderá fornecer aos investigadores. O caso está sob sigilo. A investigação tem prazo inicial de 30 dias, mas pode ser prorrogada. Nos últimos anos, a empresa, em alguns casos, tem informado às autoridades não ter acesso a dados e, por isso, diz não ter como ajudar. Logo após a reportagem da Folha de S.Paulo, o WhatsApp bloqueou contas suspeitas de fazer disparos.
FORA DO AR
No passado, o aplicativo já chegou a ficar fora do ar por determinação da Justiça por causa de impasses em meio a investigações.
Em uma das ocasiões, em dezembro de 2015, autoridades que investigavam um caso em SãoBernardodoCampo,noABC paulista, obtiveram autorização para quebrar o sigilo de dados trocados por alvos via aplicativo, mas a companhia não liberou as informações solicitadas.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, empresas apoiando o candidato Jair Bolsonaro têm comprado um serviço chamado “disparo em massa”, usando a base de usuários do próprio candidato ou bases vendidas por agências de estratégia digital, o que também é ilegal. Segundo apuração da reportagem, cada contrato chega a R$ 12 milhões e, entre as empresas compradoras, está a Havan.
Apesar de a investigação ter como início a reportagem a Folha, que trata especialmente sobre disparos anti-PT, a polícia apura também eventuais mensagens contra Bolsonaro.
O pedido da ProcuradoriaGeral da República de abertura de inquérito fala em casos que atingem “ambos os candidatos ao pleito eleitoral para presidente da República”.
Procurado, o WhatsApp afirmou que “regularmente responde às autoridades no Brasil” e que continuará a “tomar ações apropriadas para prevenir que usuários recebam mensagens indesejadas e automatizadas”.