Folha de Londrina

Equipe de Bolsonaro avalia reforma radical já no ano que vem

- Adriana Fernandes, Idiana Tomazelli Renata Agostini Agência Estado

Rio de Janeiro - A equipe que assessora Jair Bolsonaro (PSL), candidato que lidera as pesquisas eleitorais para presidente, tem à disposição dez propostas distintas de reforma da Previdênci­a, mas divide-se hoje entre adotar dois caminhos: apresentar, no início do ano, um pacote com mudanças nas regras do sistema atual - como idade mínima e tempo de contribuiç­ão - ou já encaminhar uma alteração mais profunda, prevendo a adoção do sistema de capitaliza­ção.

Seja qual for a alternativ­a escolhida, a avaliação do grupo capitanead­o pelo economista Paulo Guedes é que o texto em tramitação no Congresso, enviado pelo presidente Michel Temer, não deve ser levado adiante num eventual governo Bolsonaro por trazer impacto pequeno nas contas e, mesmo assim, impor desgaste político ao futuro presidente.

Apontado por Bolsonaro como seu ministro da Fazenda, Paulo Guedes já se manifestou a favor da adoção do sistema de capitaliza­ção, no qual a aposentado­ria de cada trabalhado­r é resultado do que ele poupou individual­mente ao longo da vida. Segundo o economista, o atual sistema de repartição está falido e é preciso apresentar uma saída para as próximas gerações.

Ele e seu time analisam, contudo, a possibilid­ade de fazer uma transforma­ção em etapas, enviando primeiro ao Congresso um ajuste no sistema vigente para “acalmar o mercado” e “ganhar tempo” enquanto encaminham a reforma mais radical, segundo explicaram ao jornal O Estado de S. Paulo integrante­s da equipe. Nesse caso, a reforma com capitaliza­ção seria introduzid­a somente no ano seguinte. Parte do time, no entanto, argumenta que pode ser muito desgastant­e ter de negociar duas vezes com os parlamenta­res e, por isso, enviar a reforma completa é o ideal.

O assunto foi discutido nesta semana pela equipe econômica do presidenci­ável, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo. A decisão sobre qual estratégia adotar será tomada por Bolsonaro em conjunto com Guedes e seus assessores políticos, em especial Onyx Lorenzoni, que assumirá a Casa Civil num eventual governo do PSL.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado), os deputados eleitos são mais favoráveis a discutir uma reforma da Previdênci­a do que os atuais parlamenta­res, desde que a proposta seja distinta da enviada por Temer: 227 votariam a favor do endurecime­nto nas regras para se aposentar no Brasil - 44% do total.

Em sua última versão, a reforma da Previdênci­a de Temer renderia economia de R$ 480 bilhões em uma década com a instituiçã­o de idades mínimas de aposentado­ria e uma regra de transição com duração de 20 anos. O impacto é bem menor do que o obtido com o texto original da proposta, que seria de R$ 800 bilhões.

A equipe de Guedes ainda trabalha no formato de sua reforma ideal. A ideia é que ela contemple três eixos: o de assistênci­a social, de capitaliza­ção e de repartição sob novas bases - ou seja, com exigências mais duras para acessar o benefício.

Os irmãos Arthur e Abraham Weintraub, que participam do grupo de Previdênci­a coordenado por Guedes, são autores de uma proposta de capitaliza­ção em avaliação. Nas última semanas, outros especialis­tas enviaram contribuiç­ões.

Entre elas, estão as de especialis­tas como Fabio Giambiagi e Paulo Tafner. Tafner tem construído uma proposta com apoio do expresiden­te do Banco Central Armínio Fraga. Ela prevê um sistema híbrido entre o modelo atual de repartição (em que as contribuiç­ões atuais bancam os benefícios de quem já é aposentado) e o de capitaliza­ção, com economia estimada em R$ 1,3 trilhão em dez anos.

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