Folha de Londrina

Justiça determina proteção ao Museu do Ipiranga

- Priscila Mengue

São Paulo - A Justiça determinou que o governo de São Paulo tome medidas emergencia­is para garantir a segurança do acervo e da sede do Museu Paulista da USP (Universida­de de São Paulo), mais conhecido como Museu do Ipiranga, localizado na zona sul da capital paulista. A ação civil pública foi aberta pelo Ministério Público após uma vistoria que identifico­u diversos riscos ao patrimônio, tais como sistema de detecção de incêndio inoperante, condutores elétricos sem isolamento e fiações elétricas expostas.

Com a decisão, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo e a Universida­de de São Paulo precisarão realizar as 13 medidas recomendad­as pela Justiça em até 15 dias. O descumprim­ento implica em multa diária de R$ 50 mil. “Os fatos descritos no laudo do Ministério Público são de extrema gravidade”, afirmou, em liminar, o juiz Alberto Alonso Munoz, da 13º Vara de Fazenda Pública Central.

Dentre as determinaç­ões, estão a criação de uma brigada de incêndio, com a presença permanente de bombeiros civis no local, a desenergiz­ação de áreas de risco, a ativação dos sistemas de detecção e alarme de incêndio, o monitorame­nto das trincas existentes nos pilares de alvenaria e a interdição imediata de duas salas.

A vistoria do Ministério Público foi realizada em setembro, momento em que observou os seguintes problemas: falta de sistema de hidrantes, rachaduras, infiltraçõ­es, forro na iminência de desabar, extintores próximos à data de vencimento, fiação exposta, iluminação de emergência inoperante, acondicion­amento de materiais inflamávei­s sem proteção, e acúmulo de materiais combustíve­is no subsolo, dentre outros.

Ao propor a ação, o Ministério Público lembrou recentes incêndios em imóveis históricos brasileiro­s, como o Museu Nacional (2018), o Museu da Língua Portuguesa (2015) e o Instituto Butantan (2010). “Em que pese a relevância histórica e arquitetôn­ica, o sobredito conjunto arquitetôn­ico não está recebendo a devida manutenção e zelo por parte do proprietár­io e do possuidor, razão pelo qual se encontra atualmente em estado preocupant­e”, diz o texto.

Apresentou, ainda, informaçõe­s de um laudo solicitado ao Corpo de Bombeiros, no qual são apontadas seis irregulari­dades. Dentre elas, estão a falta de projeto técnico de segurança contra incêndio, a não instalação de alarme de incên- dio e a presença de extintores com carga vencida.

Parte das recomendaç­ões da Justiça já foram atendidas, diz museu. Por meio de nota, o museu afirmou ainda não ter sido notificado da decisão. “Quanto aos apontament­os técnicos emitidos pelo referido laudo, a USP já está em tratativas com o Ministério Público para esclarecer as diversas providênci­as já tomadas para a garantia da segurança da estrutura predial e também as providênci­as relativas à proteção do acervo do Museu Paulista”, diz.

Além disso, a nota informa que a transferên­cia da maior parte do acervo para outros locais está em fase final. Algumas peças, contudo, permanecer­ão dentro do museu, tais como o quadro Independên­cia ou Morte, de 1888, do artista Pedro Américo.

O Museu do Ipiranga está fechado desde 2013, após parte do forro ceder mais de dez centímetro­s e pedaços do reboco da fachada caírem. Com uma obra de restauro e ampliação prevista para começar no próximo ano, deve reabrir em 2022, nas comemoraçõ­es do bicentenár­io da Independên­cia.

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Shuttersto­ck Com obra de restauro e ampliação prevista para começar em 2019, museu deve reabrir em 2022, nas comemoraçõ­es do bicentenár­io da Independên­cia

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