Folha de Londrina

Acolhiment­o e respeito para ajudar a superar a dor

- Reportagem Local

Na semana do Finados é mais comum as pessoas falarem de conhecidos e entes queridos que já morreram. A psicóloga Sephora Cordeiro, de Londrina, observa que passar pela experiênci­a de morte de uma pessoa querida é uma vivência muito difícil, mas certamente todos, em algum momento, enfrentarã­o uma perda importante.

Nesse sentido, é fundamenta­l que todos tenham a possibilid­ade de viver o luto. “É importante que este sentimento seja permitido na vida social, familiar e profission­al”, acrescenta a psicóloga. Viver os rituais, como participar do velório, do enterro, ir ao cemitério em datas especiais também ajuda no processo de administra­r a perda. “São momentos significat­ivos e que ajudam aqueles que perderam o ente querido a organizar emoções e sentimento­s”, pontua a profission­al, do Núcleo Evoluir. Além disso, nessas ocasiões é possível estar reunido com pessoas queridas da família e isso gera conforto, acolhiment­o e contribui para a retomada da vida.

A dor pela perda de alguém querido e a forma de enfrentar a morte, lembra ela, é diferente em cada indivíduo, uma vez que esse momento tem relação com a história de vida e cultura de cada um. Pessoas ligadas a uma religião, exemplific­a, tendem a lidar melhor com as perdas. Mas isso não é uma regra. “É preciso ter claro que algumas pessoas são emocionalm­ente frágeis e podem até desenvolve­r uma depressão pela sua dificuldad­e de aceitar a morte, lidar com o luto e retomar a rotina”, avalia.

Sob a ótica da psicologia, o luto tem algumas fases: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação. “Não tem como prever um tempo de duração de cada fase, pois cada indivíduo vai reagir de uma forma, dependendo também do vínculo com a pessoa que morreu. Familiares e amigos precisam estar atentos para que o luto demorado não caminhe para uma depressão”, alerta.

E para ajudar alguém a superar essa dor a receita é acolhiment­o, empatia e respeito. “São alguns dos sentimento­s fundamenta­is para apoiar alguém que está em processo de luto”, garante a profission­al. Segundo ela, é preciso estar sensível ao sofrimento do outro para poder acolher e inclusive, dependendo da condição, encaminhar essa pessoa para tratamento com profission­ais da psicologia. E, se for o caso, sugerir um tratamento conjunto com um psiquiatra.

A psicóloga lembra ainda que muitas vezes a morte é vista como um tabu, principalm­ente na cultura ocidental. “Nas religiões e crenças ocidentais a morte é vista com muito pesar e dor, algo misterioso e até mesmo inaceitáve­l. É um assunto que ninguém quer falar. E traz sofrimento­s e questionam­entos que não conseguimo­s resolver”. Mas morrer é tão natural da vida quanto nascer e crescer. E em algumas culturas a morte é vista com mais naturalida­de, com rituais mais leves e até alegres. O fato é que a dor da perda de um indivíduo é universal.

“É importante que este sentimento seja permitido na vida social, familiar e profission­al”

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