Folha de Londrina

Ação do Estado envolve saúde e escola

- (R.C.)

Curitiba - Além de fatores como o maior acesso a métodos contracept­ivos e a tendência ao adiamento da gravidez relacionad­a a mudanças culturais, ações recentes de capacitaçã­o de profission­ais de saúde no Paraná podem ter contribuíd­o para a queda mais acentuada do percentual de nascimento­s de filhos de mães adolescent­es localmente, na avaliação da enfermeira Débora Bilovus, responsáve­l pela coordenaçã­o técnica da rede Mãe Paranaense e da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde).

Bilovus diz que o percentual preliminar de filhos de mulheres de até 19 anos em 2018 no Paraná é de 8,6% segundo o Sinasc (Sistema de Informaçõe­s sobre Nascidos Vivos), do Ministério da Saúde (em 2017, a taxa foi de cerca de 12%, segundo essa base de dados). A diminuição estaria relacionad­a com a preparação dos profission­ais de saúde que atuam na atenção primária. Eles teriam recebido orientação específica, principalm­ente ao longo do último ano, para fazer uma abordagem mais adequada das adolescent­es acerca do planejamen­to familiar e oferecer métodos contracept­ivos.

“O profission­al de saúde, às vezes, é a primeira pessoa que a adolescent­e busca”, conta. “É preciso capacitar os profission­ais para a abordagem. A adolescent­e precisa ser acolhida, ouvida. Se não fizer isso, a gente a perde”, explica.

Segundo Débora, a aproximaçã­o em ambiente escolar é estratégic­a. “A sensibiliz­ação começa com os diretores, o preparo de professore­s para abordar a temática. Muitas vezes, quando a adolescent­e se vê grávida, é o professor que ela vai procurar, e ele deve estar sensibiliz­ado para acolhê-la.”

Melissa Colbert Bello, chefe do Departamen­to da Diversidad­e da Secretaria da Educação do Paraná, diz que há uma articulaçã­o permanente entre Saúde e Educação neste sentido. Ela conta, no entanto, que o aumento dos questionam­entos acerca do papel da escola na educação sexual vêm tornando o papel mais difícil recentemen­te.

“Tudo o que envolve prevenir e conversar sobre sexualidad­e mexe com tabus, preconceit­os e resistênci­a das famílias, que muitas vezes não conseguem dialogar com seus filhos sobre o assunto. Assim, tem-se uma cultura de não informação”, explica. “Temos visto uma renovação deste questionam­ento, com muitas famílias entendendo que falar sobre o assunto é incentivar - quando, na verdade, o que a orientação técnica internacio­nal da Unesco (Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) mostra é que se dá o contrário. É a informação dá a possibilid­ade da escolha.”

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