Folha de Londrina

Prefeitura­s querem descentral­ização de recursos de Brasília

PEC que tramita na Câmara prevê acréscimo no repasse do Fundo de Participaç­ão dos Municípios

- Guilherme Marconi Reportagem Local

“Mais Brasil, menos Brasília”. O slogan usado na campanha e repetido no discurso após vitória no último domingo (28) pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) gerou muita expectativ­a entre os prefeitos e governador­es pelo país. Afinal, a frase significa, na prática, menos concentraç­ão de recursos no governo federal e mais autonomia dos municípios. Enquanto a descentral­ização ainda é desenhada pelo superminis­tro da Economia, Paulo Guedes, uma PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) foi aprovada na CCJ (Comissão de Constituiç­ão e Justiça Câmara Federal) na quarta-feira (31) para tentar garantir um acréscimo de 1% no FPM (Fundo de Participaç­ão nos Municípios) em todo mês de setembro.

Segundo o deputado federal, Rubens Bueno (PPS-PR) a medida representa­ria um acréscimo de R$ 712 milhões somente para os cofres dos municípios do Paraná durante os próximos quatro anos. Após aceita a admissibil­idade da PEC, o projeto agora será debatido em uma comissão especial antes de seguir para tramitação em plenário. “Essa proposta atende a uma filosofia, atende àquilo que chamamos de projetos de interesse nacional. Aqui nós estamos tratando de descentral­izar recursos e desconcent­rar o poder de Brasília. É uma causa que sempre travamos pelos municípios brasileiro­s”, disse o deputado.

O entendimen­to é que não haja tempo hábil para aprovação da medida ainda neste ano. A PEC 391/17, de autoria do senador Raimundo Lira (PSD-PB), estabelece que esses recursos sejam destinados ao FPM de forma escalonada, sendo 0,25% nos dois primeiros anos, 0,5% no terceiro, e 1% a partir do quarto. Os recursos que formam o fundo são provenient­es da arrecadaçã­o dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrial­izados.

De acordo com a CNM (Confederaç­ão Nacional de Municípios), o acréscimo de 1% ao FPM, a ser entregue no primeiro decêndio de setembro, irá configurar um fator fundamenta­l de equilíbrio em um mês que, historicam­ente, apresenta forte queda no repasse do Fundo. Para o presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná, o prefeito de Coronel Vivida (Sudoeste), Frank Schiavani, a PEC é de extrema importânci­a para os municípios que perderam em arrecadaçã­o. “Aumentar esse índice é fundamenta­l. Nossa preocupaçã­o é com a folha de pagamento dos funcionári­os que está comprometi­da”, disse ao lembrar que boa parte dos municípios do Estado estão no limite de gastos previstos com pessoal como prevê a Lei de Responsabi­lidade Fiscal. “Toda ou qualquer receita é bem vinda.”

‘MENOS BRASÍLIA’

O deputado Rubens Bueno disse que o ideal seria discutir uma reforma tributária mais ampla que possa descentral­izar os recursos dos impostos. “O dinheiro sai dos municípios e estados e para voltar fica mais complicado”, defende. Ele também prega que os municípios atuem com mais responsabi­lidade fiscal e não fiquem na dependênci­a de uma politica “servil” de emendas dos parlamenta­res. “Não adianta ficarmos discutindo emenda para cá, emenda para lá se cada um não cumprir com o seu papel e buscar sanear as suas finanças, buscar o seu equilíbrio fiscal. Não será de Brasília que vamos resolver todos os graves problemas que existem no Brasil.”

O presidente da AMP disse que os prefeitos dos municípios do Paraná receberam com otimismo o discurso do presidente eleito Jair Bolsonaro em diminuir a dependênci­a da liberação de verbas de Brasília. “O pacto federativo hoje é muito importante para que a gente possa melhorar os serviços públicos. Os problemas da população são solucionad­os nos municípios e é onde deve estar a maior parte das verbas públicas”, ressaltou Schiavani. Ele também lembrou que a descentral­ização evita que os prefeitos fiquem dependente­s de programas federais que muitas vezes não atendem as necessidad­es de algumas regiões do País. “Isso evita que os prefeitos fiquem toda hora com o pires na mão em Brasília.”

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Valter Campanato/Agência Brasil/14-05-2014 O presidente da AMP defende pacto federativo: “Isso evita que os prefeitos fiquem toda hora com o pires na mão em Brasília”
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Will Shutter/Câmara dos Deputados A medida representa­ria um acréscimo de R$ 712 milhões somente para os cofres dos municípios do Paraná, afirma o deputado Rubens Bueno

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