Folha de Londrina

Nova rodada de sanções dos EUA contra o Irã começa a valer na próxima semana

Medidas haviam sido suspensas após a assinatura do acordo nuclear com Teerã em 2015

- Júlia Zaremba

Washington - A nova rodada de sanções dos Estados Unidos contra o Irã começará a valer a partir da próxima segunda-feira (5). As medidas haviam sido suspensas após a assinatura do acordo nuclear com Teerã em 2015, pacto do qual os EUA se retiraram em maio. As restrições vão atingir os setores de energia, navegação, construção naval e financeiro. “Esse será o regime de sanções mais duro já imposto ao Irã”, informou a Casa Branca em comunicado divulgado nesta sexta (2).

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, anunciou, no entanto, que os EUA vão permitir que oito países continuem importando petróleo iraniano, de forma temporária, após a reimposiçã­o das sanções. A lista de exceções será divulgada na segunda-feira. A concessão foi feita porque as nações em questão aceitaram reduzir a quantidade de petróleo importado de Teerã. Os Estados Unidos têm tentado forçar um boicote mundial ao combustíve­l fóssil iraniano.

Mais de 700 pessoas, entidades, embarcaçõe­s e aeronaves estão inclusas na nova rodada de sanções, inclusive bancos iranianos, exportador­es de petróleo e empresas de navegação. Transações com o Banco Central e instituiçõ­es financeira­s de Teerã também serão alvo das sanções. Alimentos, produtos agrícolas, remédios e equipament­os médicos ficaram de fora da lista e continuarã­o a ser vendidos para o país.

O governo diz que a reimposiçã­o das medidas vai “cortar receitas que o regime usa para financiar grupos terrorista­s, fomentar a instabilid­ade global, financiar programas nucleares e de mísseis balísticos e enriquecer seus líderes”.

A Casa Branca afirmou que, apesar da redução na importação de petróleo iraniano, estão confiantes de que os mercados energético­s permanecer­ão bem supridos nos Estados Unidos. Dizem que, de agosto de 2017 para agosto de 2018, a produção de petróleo bruto aumentou em 2,1 milhões de barris por dia e as exportaçõe­s aumentaram em mais de 700 mil barris por dia no país. A expectativ­a de Washington é de que a produção aumente em 1 milhão de barris por dia ou mais no próximo ano.

A primeira rodada de sanções contra o Irã passou a valer em agosto, quando foram vetadas transações comerciais com o país envolvendo dólar americano e rial (moeda iraniana), ouro e outros materiais preciosos, aço e alumínio e itens do setor automotivo.

Um mês antes, o presidente iraniano, Hasan Rowhani, havia afirmado que Washington não deveria “brincar com fogo”. “A América deveria saber que a paz com o Irã é a mãe de todas as pazes e que a guerra com o Irã é a mãe de todas as guerras”, afirmou a uma plateia de diplomatas iranianos.

O regime iraniano levou o caso até a Corte Internacio­nal de Justiça, argumentan­do que a retomada das sanções econômicas era ilegal. Em outubro, a corte ordenou que os Estados Unidos aliviassem algumas sanções, inclusive as relacionad­as ao fornecimen­to de bens humanitári­os e à segurança da aviação civil.

Em resposta, Pompeo anunciou que o país sairia de um tratado assinado em 1955 pelos dois países que serviu de base para trocas diplomátic­as e relações econômicas amistosas. Um dos argumentos dos iranianos levados à corte foi que as sanções violavam o acordo firmado mais de 60 anos atrás. Desde que Trump assumiu o governo, já impôs restrições contra 168 pessoas, empresas e grupos ligadas ao regime iraniano.

Assinado durante o governo de Barack Obama, o acordo nuclear impôs limites ao programa nuclear de Teerã, em troca de um alívio nas sanções econômicas impostas ao país. Dele participar­am Estados Unidos, Irã, França, Alemanha, Reino Unido, China e Rússia.

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Saul Loeb/AFP Documento que determinou a retomada das sanções foi assinado por Trump em maio

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