Folha de Londrina

Brasileiro condenado por mortes na Espanha

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Tribunal espanhol concluiu que François Nogueira matou intenciona­lmente os tios e primos

Madri - O júri de um tribunal espanhol considerou culpado um jovem brasileiro acusado de assassinar a sangue frio dois tios e dois primos em 2016, um crime que comoveu a Espanha. Os nove membros do júri concluíram, no sábado (3), que François Patrick Nogueira, 21, matou intenciona­lmente seus familiares. “Sabia o que era certo e errado, e as consequênc­ias. Não foi um ato errático, foi planejado”, indica a declaração do júri.

O juiz do tribunal da Audiência Provincial de Guadalajar­a, a cerca de 60 km de Madri, deve decidir agora a data da audiência em que será conhecida a sentença de Nogueira, que pode ser condenado à prisão perpétua.

O brasileiro fugiu pouco depois de cometer o assassinat­o para João Pessoa (PB). Retornou à Espanha em outubro de 2016 e se entregou à polícia, convencido por sua família de que seria melhor cumprir pena na Espanha do que no Brasil. O assassino confesso de seu tio por parte de mãe, a mulher dele e os dois filhos do casal, de 1 e 3 anos, disse em sua primeira declaração no começo do julgamento, em 24 de outubro, que pedia perdão à sua família e à família de sua tia Janaína.

A promotoria sustentou que o jovem brasileiro agiu de forma premeditad­a e pediu a pena máxima prevista no código penal espanhol, uma condenação perpétua que pode ser revisada a partir dos 25 anos de prisão. Mas a defesa busca uma pena inferior, alegando “transtorno mental transitóri­o” do réu e o atenuante de ele ter confessado o crime. O brasileiro se defendeu alegando, na semana passada, que sentia emoções incontrolá­veis. “Notei que minhas emoções, o modo como me comporto, não é igual ao dos demais, é sempre agravado”, declarou no tribunal.

O jovem chegou à casa dos tios no dia dos crimes com uma faca afiada, sacolas plásticas e fita de vedação. Ele assassinou primeiro a tia, Janaína Santos Américo, 39, e os dois filhos do casal. Esperou a chegada do tio materno Marcos Campos, 40, e também o matou. Os corpos dos adultos foram esquarteja­dos e os pedaços, colocados em sacolas plásticas. Depois, ele limpou a casa, a si mesmo, e esperou para pegar o ônibus de volta na manhã seguinte, de acordo com os documentos judiciais.

Os corpos foram encontrado­s um mês depois, graças a um funcionári­o da manutenção que alertou para o odor procedente da residência. Enquanto cometia os crimes, Patrick Nogueira trocou mensagens por WhatsApp com um amigo no Brasil, a quem “pedia conselhos, relatava o que estava fazendo e enviava fotografia­s dos cadáveres, recebendo por parte de seu interlocut­or mensagens de incentivo”, afirma um documento judicial.

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