Folha de Londrina

Quem tem medo de Sergio Moro?

- TENENTE DIRCEU CARDOSO GONÇALVES, dirigente da Associação de Assistênci­a Social dos Policiais Militares de São Paulo

Moro é uma grande esperança e só contestam sua nomeação os que já sentiram o peso de sua autoridade"

Ao deixar a segurança profission­al de uma carreira que lhe garantia imunidades, inamovibil­idade e aposentado­ria tranquila, para ingressar no terreno muitas vezes minado da política, o juiz Sergio Moro troca seus esforços pessoais pela possibilid­ade de ajudar a consertar o País na mais correta forma da palavra. Convidado, foi ver as condições oferecidas e, diante da “carta branca” do presidente eleito, aceitou. Estão em festa os brasileiro­s honestos e descomprom­etidos com os esquemas de corrupção e crimes que levaram o País ao naufrágio. Se a eleição de Jair Bolsonaro, da forma que ocorreu - com o grosso da campanha feito diretament­e pelo povo e sem qualquer remuneraçã­o - já represento­u uma esperança, a decisão de empoderar o homem que deu uma nova dimensão ao combate da corrupção é a primeira prova concreta de mudança.

Com o cabedal de conhecimen­tos acumulado na Lava Jato e as ferramenta­s que Bolsonaro prometeu colocar em suas mãos (Justiça, Segurança Pública, Polícia Federal, Controle de Atividades Financeira­s e outros), Moro será um superminis­tro e terá condições para colocar no passado o país do jeitinho, do compadrio, do aparelhame­nto ideológico e do crime cometido contra a população indefesa. Essa é a primeira vantagem de se ter eleito um presidente que não deve a eleição e, por isso, não precisa distribuir cargos a partidos e coronéis políticos. Moro é uma grande esperança e só contestam sua nomeação os que já sentiram o peso de sua autoridade e os que temem ser atingidos pela sua atuação moralizado­ra do aparelho de Estado e da sociedade. Felizmente, esses são os contumazes e conhecidos criminosos de colarinho branco que, no seu tempo e hora, terão de ajustar contas com a Nação.

Espera-se, com vivo interesse, a entrevista que o futuro ministro concederá nos próximos dias, detalhando sua agenda anticorrup­ção, anticrime organizado e de respeito à Constituiç­ão e às leis. Com certeza, deverá priorizar as liberdades do cidadão, mas não se quedará à desobediên­cia civil, à contestaçã­o para enfraqueci­mento das instituiçõ­es, à greve de motivação política (já que o direito de greve é exclusivo das relações do trabalho e outras causas constituem crime) e à baderna, que levaram este país à sua mais aguda crise econômica e social.

Oxalá Paulo Guedes, o outro superminis­tro (da Economia) já anunciado pelo presidente eleito, tenha condições de, na sua área, realizar um trabalho de alto nível como o que se vislumbra em Sergio Moro. Só esses dois ministério­s, atuando dessa forma, serão capazes de dar à população as soluções que motivaram a eleição do presidente. Evidente que os demais também são importante­s, mas se puderem dispor de bons resultados das novas pastas de Justiça e Economia, terão a base ideal para realizarem um bom trabalho.

A esperança que hoje move os brasileiro­s, depois das decepções dos últimos anos, não tem paralelo na história republican­a. E o mais importante: tudo sem abrir mão da democracia...

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