ALIADO
Investigadores da força-tarefa comemoram reincorporação da Polícia Federal aos quadros da pasta
Indicação de Moro para o Ministério da Justiça é festejada por investigadores da Lava Jato. Com reincorporação da PF, expectativa é de reforço nos trabalhos
Aindicação do juiz Sérgio Moro para o Ministério da Justiça no governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e a reincorporação da Polícia Federal aos quadros da pasta - que ganhará status de “superministério” - foi comemorada por investigadores da Operação Lava Jato. A expectativa é de reforços para os trabalhos do escândalo Petrobras e das investigações decorrentes e também de nomeação de integrantes da força-tarefa para integrar o governo e o comando da PF. Nesta terça-feira (6) o futuro ministro da Justiça concede a primeira entrevista coletiva à imprensa para falar dos seus planos.
Com quatro anos de apurações, a equipe da Lava Jato na PF vive fase de penúria, apesar das dezenas de inquéritos abertos ainda, perícias em andamento, dados a serem analisados. Sem mais dedicação exclusiva, sem equipe suficiente, sem verba específica, o caso Petrobras saiu da lista de prioridades da polícia, em Curitiba, depois da troca de governo em 2017.
Uma das exigências do Moro em conversa com Bolsonaro foi para que o Ministério da Segurança Pública, criado pelo presidente Michel Temer, que tirou a PF da Justiça, fosse fundido, voltando à configuração anterior da Pasta.
Com os inquéritos decorrentes da delação premiada de Antônio Palocci, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, as análises do sistema de comunicação e contabilidade do setor de propinas da Odebrecht ainda em curso, a necessidade de mais equipe e atenção com a Lava Jato devem ser levados ao futuro ministro e ao comando da PF.
INDICAÇÕES
O futuro ministro Sérgio Moro confirmou a interlocutores que vai levar para o ministério integrantes da força-tarefa da Lava Jato. O magistrado já avalia nomes ligados à Polícia Federal e à Receita Federal. Além de nomes da PF e da Receita, o juiz tem afirmado a interlocutores que gostaria de contar com “um ou dois nomes” ligados ao Ministério Público Federal, mas admite que a participação de representantes desse braço da Lava Jato é “mais complicada” porque dependeria de exoneração de cargos.
O nome do atual superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo, é um dos que está na lista de possíveis convidados para assumir o posto de diretor-geral da PF, cargo ocupado atualmente por Rogério Galloro. Outros nomes cotados são de Igor Romário de Paula, que comanda o setor de combate ao crime organizado no Estado, o chefe nacional de combate aos crimes financeiros, Márcio Anselmo, que iniciou as apurações do escândalo Petrobras ao lado da delegada Erika Marena, atual superintendente da PF, e do delegado Luciano Flores de Lima, em Sergipe, atual superintendente da PF no Mato Grosso do Sul.
Moro terá o maior orçamento da pasta nesta década para implantar a “agenda anticorrupção e anticrime”. Serão R$ 4,798 bilhões em 2019, 47% a mais do que a dotação autorizada para este ano. Ao mesmo tempo, herdará um déficit de pessoal em órgãos como a Polícia Rodoviária Federal.
Moro deve começar a analisar a estrutura do ministério assim que a equipe de transição começar a repassar os dados. O juiz enviou mensagem aos demais magistrados nesta segunda-feira (5), de despedida. O magistrado também informou o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região) (TRF-4) que pedirá sua exoneração em janeiro, antes da posse. O magistrado comunicou ainda que tiraria férias acumuladas e que usaria esse período para iniciar os preparativos da transição de governo.