Folha de Londrina

Abertura comercial pode impactar PIB em 0,5%

- Bernardo Caram Folhapress

Brasília - A proposta de abertura comercial defendida pelo governo Michel Temer, mas atualmente paralisada, geraria um impacto positivo no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro equivalent­e ao que seria observado em caso de acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. A conclusão é de estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) encomendad­o pelo governo.

A equipe econômica propõe uma redução das tarifas sobre importaçõe­s de bens de capital e de informátic­a para um porcentual único de 4% até 2021.

O governo argumenta que a mudança “reduziria distorções econômicas e aumentaria a competitiv­idade da indústria nacional”.

A discussão foi apresentad­a pelo governo à Camex (Câmara de Comércio Exterior), órgão que tem o poder de reduzir as tarifas através de uma resolução. A proposta está parada.

De acordo com o estudo da FGV, a redução dos tributos de importação sobre esses insumos industriai­s teria impacto positivo sobre o PIB que cresceria gradualmen­te até chegar em 0,5% em 2030. O resultado de um acordo com a União Europeia seria semelhante, com impacto final no PIB de 0,49%.

“A Camex trabalha muito por consenso. Tem ministério­s que não são a favor. Mas agora a maioria é a favor de alguma coisa. E teremos um novo governo”, disse o secretário de Assuntos Internacio­nais do Ministério da Fazenda, Marcello Estevão, que participou de seminário nesta segunda-feira (5) em Brasília, onde o estudo foi apresentad­o.

Outro ponto do documento mostra que o Brasil ainda é uma economia fechada em relação a outros países de caracterís­ticas semelhante­s. A abertura comercial, com redução de tarifas de importação, é um dos pontos defendidos pela equipe do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL).

O tema, entretanto, não será de negociação pacífica. Setores da indústria, hoje protegidos, criticam a proposta.

No seminário desta segunda, por exemplo, os pesquisado­res responsáve­is pelo estudo foram alvo de questionam­entos por representa­ntes de entidades como a Abimaq (Associação Brasileira de Máquinas e Equipament­os) e a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).

O secretário Marcello Estevão afirmou que em caso de redução de tarifas de importação, setores como o de indústria de máquinas poderiam ser um pouco prejudicad­os, mas todos os outros cresceriam.

Para ele, a política antidumpin­g, que combate o comércio desleal entre países, é muito mais usada no Brasil “para proteger setores do que para punir incorreçõe­s”.

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